Na ultima reunião do COPOM, o Banco Central achou que os juros podiam subir mais um pouquinho e eles foram para 14,75. Com a inflação a menos de 6, quem aplica nos títulos da dívida brasileira fica com 8,75, no mínimo, para gastar ou reinvestir.
Enquanto isso, milhões de brasileiros pendurados no rotativo do cartão de crédito pagam em torno de 445% de juros, mais de 30 vezes a taxa do BC. E há quem cobre mais que isso, em geral esses "bancos" que aceitam negativados, gente no desespero que assina qualquer papel para conseguir pagar boleto, a luz, o gás, o aluguel, tirando em geral da comida, em qualidade e quantidade.
Vivendo com R$ 1 milhão
Quem aplica R$ 1 milhão em CDB, por exemplo, recebe ao final do ano, sem fazer nada, apenas botando o dinheiro para trabalhar por ele, R$ 1.120.862,50, segundo o Infomoney.
Isso dá mais de R$ 10 mil por mês, sem fazer nada.
Os CDBs são um tipo de empréstimo que os bancos pegam do dinheiro dos correntistas e têm retorno baseado nos juros.
Tem mais: quem aplica o mesmo milhão em LCI/LCA ganha mais ainda, também sem fazer nada: R$ 1.124.525,00.
LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) são títulos de Renda Fixa emitidos pelas instituições financeiras para estimular os setores imobiliário e do agronegócio.
Além dos mais, esses investimentos são isentos de Imposto de Renda.
Nada mal. Já dá pra acender o charuto. Enquanto a gente leva fumo.
E é assim, baseados nessa "vida difícil", empapuçados de ócio, que os homens do mercado financeiro gostam de opinar sobre a realidade do Brasil.
Como Armínio Fraga, por exemplo, que sugeriu que os brasileiros fiquem sem aumento real do salário mínimo durante seis anos...
Afinal, é aumentando a mais-valia que eles conseguem queimar o dinheiro que acende o charuto do neoliberalismo selvagem.