Nesta segunda (7), Marcelo Rubens Paiva levou à polícia o caso de agressão ocorrido durante o carnaval em São Paulo. O episódio aconteceu enquanto ele era homenageado pelo bloco Acadêmicos do Baixo Augusta. O autor de Ainda Estou Aqui — obra que inspirou o filme vencedor do Oscar de 2025 — foi atingido por objetos lançados por um homem ainda não identificado.
O jornalista, que é cadeirante, por pouco não se machucou e explicou o motivo de ter feito o B.O. agora. “Na hora eu não entendi. Isso deixou minha família muito assustada e me deixou assustado. Demorei (pra fazer o B.O.), tive que viajar, voltei ao Brasil. (…) Esse ódio que tá rolando na internet e nas redes sociais e que foi pra rua tem que acabar, temos que parar com isso”, conta em um vídeo. Ele soube que podia fzer a denúncia na Delegacia de Proteção à Pessoa com Deficiência.
"E eu acho importante que a gente tal, prestigiar a polícia, mostrar que a polícia, ela está também defendendo os direitos das pessoas vulneráveis, pessoas com deficiência, mulheres, comunidade LGBT", disse ao ICL Notícias.
"Temos que cobrar do Estado o nosso direito de ser quem a gente quer é", completou.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou à Folha de S.Paulo que o caso foi registrado como lesão corporal na 6ª Delegacia da Pessoa com Deficiência, vinculada ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.
Segundo a pasta, "a equipe de investigação conseguiu identificar o suspeito, que foi reconhecido pelas vítimas por meio de fotografias apresentadas na unidade. Exames periciais foram solicitados ao Instituto Médico Legal (IML). O caso será investigado por meio de inquérito policial". O responsável pelo ataque é Felipe Cordeiro Pedroso, que em suas redes sociais, faz publicações na linha ideológica da extrema direita.
À época, nas redes sociais, Marcelo reforçou que não vai deixar de sorrir. "Eu cheguei de muito longe/ E a viagem foi tão longa / E na minha caminhada / Obstáculos na estrada / Mas enfim aqui estou", escreveu Marcelo em foto do desfile, ao lado de Alessandra Negrini, rainha do bloco. Leia mais nesta reportagem da Fórum.
O Ministério da Cultura (MinC) expressou solidariedade ao escritor e soltou uma nota condenando o ocorrido. "O autor de, entre outras importantes obras, 'Ainda Estou Aqui' – livro que inspirou filme homônimo, indicado a três categorias do Oscar – foi alvo de um ataque covarde na tarde deste domingo (23), durante o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, na região central de São Paulo", inicia o comunicado.
Em outro trecho, o órgão ressaltou a gravidade do ocorrido: "Além de injustificada, a agressão se deu em meio aos já tradicionais festejos de blocos carnavalescos – comemoração que ganha cada vez mais força em todo país, sobretudo na capital paulista. O objetivo do carnaval é a diversão, o respeito mútuo e a ocupação da cidade de forma gratuita e acessível".
Deputados e senadores destacaram que "atacar um símbolo da cultura, da memória e da resistência democrática é um ato covarde que não pode ser normalizado”