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PM mata ambulante senegalês em São Paulo

"A gente está cansado de ver a Polícia Militar do Tarcísio indo pra cima de quem é trabalhador, de quem é ambulante, de quem é camelô", diz Luana Alves, vereadora do PSOL que esteve no local

Flagrante do momento da ação policial que resultou na morte do ambulante senegalês Ngange Mbaye
Flagrante do momento da ação policial que resultou na morte do ambulante senegalês Ngange MbayeCréditos: Reprodução Vídeo
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Uma ação da Polícia Militar de São Paulo no bairro do Brás, em São Paulo, resultou na morte de um ambulante senegalês na tarde desta sexta-feira (11). A PM acompanhava uma operação da prefeitura para dispersar o comércio de ambulantes no local.

Ngange Mbaye, de 34 anos, estava na Rua Rangel Pestana quando policiais tentaram recolher sua mercadoria. O rapaz tentou impedir a ação, segundo testemunhas, segurando uma barra de ferro. Ele foi baleado por um policial e socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), sendo levado ao hospital. Contudo, não resistiu aos ferimentos.

"Estavam trabalhando, aí os policiais quiseram pegar a mercadoria e teve o confronto. Os policiais bateram nele e, para se defender, ele reagiu e revidou. Depois, a polícia meteu um tiro nele na região da barriga. Ele já foi morto ali, chamaram a ambulância só para abafar o caso", disse, ao portal Uol, um dos amigos da vítima que não quis se identificar.

A Globo News divulgou um vídeo do momento em que Mbaye foi morto na ação policial.

Protesto

Os comerciantes locais protestaram contra a ação da polícia, que recorreu ao uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha, como atesta a vereadora do PSOL, Luana Alves.

"Estamos aqui na região do Brás, está acontecendo uma manifestação espontânea, inclusive acabou de ter repressão, acabei de tomar bomba, porque teve o assassinato de um trabalhador ambulante senegalês. A gente está cansado de ver a Polícia Militar do Tarcísio indo pra cima de quem é trabalhador, de quem é ambulante, de quem é camelô", disse ele em um vídeo postado no Instagram. Confira abaixo.

Afastamento do policial

A secretaria estadual de Segurança Pública informou, por meio de nota, que a Polícia Militar instaurou um inquérito policial militar (IPM) e afastou das atividades operacionais o agente envolvido na morte do ambulante.

Em relação ao caso, a prefeitura de São Paulo informou que a operação foi uma atividade delegada, custeada pela administração municipal. Os policiais militares que participam da operação delegada não se reportam à prefeitura, e sim ao Comando da Polícia Militar, ligado à Secretaria de Segurança Pública, segundo a gestão paulistana.

A operação delegada é um convênio entre a prefeitura e o governo estadual para que agentes voluntários da Polícia Militar reforcem o policiamento na cidade durante suas folgas, com foco nas atividades do comércio ambulante não regularizado no município.

"Isso é fruto de uma negligência. Não tem política pública de regularização do ambulante. É por isso que eu estou propondo a CPI pra investigar violência contra trabalhadores ambulantes, artesãos, artistas de rua de São Paulo. Isso aqui, infelizmente, é uma tragédia anunciada", diz Luana Alves. "Falei com familiares, pessoas que moram com o rapaz que morreu. A gente vai cobrar justiça. Não aceitamos nenhuma pessoa assassinada pela polícia do Tarcísio."

Com informações da Agência Brasil

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