O Carnaval de Juiz de Fora (MG) e Porto Alegre (RS) foi marcado, neste sábado (1º), por cenas de extrema violência por parte da Polícia Militar (PM), contra foliões que curtiam blocos ou que se reuniam nas ruas para brincar. Os casos, segundo testemunhas, envolveram racismo e LGBTfobia e, como mostram vídeos, foram extremamente brutais, inclusive, com a prática de tortura em uma mulher trans.
Porto Alegre
No município gaúcho, uma mulher trans de 22 anos foi brutalmente agredida e outras pessoas ficaram feridas por tiros de balas de borracha após ação dos policiais para reprimir foliões que estavam reunidos em bares no bairro da Cidade Baixa. Antes do Carnaval, o prefeito de Porto Alegre, o bolsonarista Sebastião Melo (MDB), havia proibido qualquer celebração durante a data festiva.
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Em vídeos divulgados nas redes sociais, é possível ver as cenas de violência extrema contra a mulher, que aparece imobilizada no chão, com o joelho de um policial em cima de sua cabeça, enquanto outros cinco agentes agridem a vítima com socos e jogam spray de pimenta.
"Começa uma sessão de tortura. É isso que aconteceu, uma sessão de tortura. A Luan é uma menina de mais ou menos 50kg, colocaram três, quatro policiais em cima dela, de 90kg, como aconteceu nos Estados Unidos com George Floyd. Chegaram a colocar o joelho no pescoço dela e ela gritando que estava rendida. E eles dando soco na cara dela, no chão, deitada. Foi uma sessão terriível de tortura pura", afirma Theo Dalla, uma das testemunhas, em vídeo.
CENAS FORTES
As cenas abaixo podem despertar gatilho de violência policial
Após a agressão, Luan ainda foi levada para a delegacia, mas após os agentes notarem a mobilização e a repercussão do ocorrido, enquadraram o caso como "desacato à autoridade" ao invés de agressão, segundo informações do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário no estado do Rio Grande do Sul.
Minas Gerais
Em Minas Gerais, a violência da PM ocorreu durante o bloco Benemérita, um feito principalmente por pessoas LGBTQIAPN+. Segundo relatos, a polícia chegou reprimindo a festa com spray de pimenta e agredindo os foliões. Organizadores do bloco e a cantora MC Xuxu foram presos e levados para a delegacia. Em vídeos que circulam nas redes, é possível ver dezenas de pessoas deitadas no chão passando mal após ação da PM.
Uma das vítimas relata, em um dos vídeos, que a PM jogou spray de pimenta e bombas no palco, onde tinham muitas crianças. Ela também diz que foi agredida pelos policiais. Em registros na conta oficial de MC Xuxu, é possível ver que o bloco contava com muitas pessoas.
CENAS FORTES
As cenas abaixo podem despertar gatilho de violência policial
A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) e a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) comentaram nas publicações afirmando que vão entrar em contato com autoridades para saber informações sobre o ocorrido.
"Que absurdo! Vou buscar mais informações sobre essa violência. Acionarei o secretário de segurança e outras estruturas, exigindo explicações. Que absurdo! Quanta truculência, irresponsabilidade e lgbtfobia", afirmou Salabert.
"Um absurdo completo! Vamos buscar contato com os organizadores e atuar pela comissão de direitos humanos no acionamento do comando geral da PM. Muito racismo e LGBTfobia contra nossa gente", disse Gonçalves.
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