JUSCELINO KUBITSCHEK

Os bastidores e próximos passos para a reabertura das investigações sobre a morte de JK

Comissão define relatoria e prevê reunião para maio, mas consulta a familiares adia decisão sobre nova investigação

Os bastidores e próximos passos para a reabertura das investigações sobre a morte de JK.Créditos: Gervásio Baptista/ Agência Brasil
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A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) decidiu adiar a reabertura da investigação sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK) até que os familiares do ex-presidente e de seu motorista, Geraldo Ribeiro, sejam ouvidos. A medida foi tomada para garantir a participação das famílias no processo e evitar controvérsias sobre a condução da análise. O caso volta à pauta após questionamentos recentes sobre a versão oficial do acidente que vitimou JK em 1976.

A possível reabertura da investigação foi impulsionada por um laudo pericial elaborado pelo engenheiro e perito Sérgio Eczemberger, apresentado pelo ex-vereador Gilberto Natalini em 2021 à Comissão da Verdade Municipal de São Paulo. O documento questiona a versão oficial do acidente e motivou a solicitação da revisão histórica do caso junto à CEMDP.

A coluna conversou com Nilmário Miranda, Assessor Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos, ao qual estão vinculadas as Comissões de Anistia, CEMDP, de Memória da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Pessoas Escravizadas. Nilmário também foi ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania no primeiro ano do primeiro mandato do presidente Lula. Segundo ele, "quem decidiu reabrir o caso foi a CEMDP, com meu apoio".

A CEMDP tem um papel fundamental na preservação da memória e na busca pela verdade histórica. Nilmário esclareceu que "está encerrada a inscrição de novos casos que impliquem reparação financeira, mas a comissão decidiu examinar casos sob a ótica da verdade histórica". Isso significa que, mesmo que não haja indenização envolvida, a investigação poderá trazer à tona elementos importantes sobre a trajetória de JK e as circunstâncias de sua morte. Além disso, a CEMDP já escolheu os responsáveis pelo relatório do caso: "já estão escolhidos os relatores Maria Cecília Adão e Fafaelo Abritta, que ficará responsável pelas questões jurídicas", afirmou o assessor.

Outro ponto em debate é a possível inclusão de Geraldo Ribeiro, motorista de JK, como vítima da ditadura militar. No ministério dos Direitos Humanos a iniciativa é vista como importante para o reconhecimento de novas vítimas. "É uma etapa essencial para ampliar a compreensão sobre o impacto da repressão no Brasil", afirmou uma fonte no ministério.

A próxima reunião presencial da CEMDP está marcada para o dia 16 de maio, em Porto Alegre, onde o caso será debatido novamente. No entanto, ainda não há uma data definida para as conversas com os familiares de Juscelino Kubitschek. "Não sei ainda quando isso será feito", admitiu Nilmário, sinalizando que o processo pode levar mais tempo do que o previsto inicialmente.

O anúncio da possível reabertura do caso JK gerou reações divergentes. Setores ligados à luta por memória e justiça veem a decisão como um passo necessário para esclarecer possíveis crimes cometidos durante a ditadura militar. Já críticos da medida apontam o risco de politização do caso.

A depender do desdobramento das conversas com as famílias, o Brasil pode assistir a um novo capítulo de um dos episódios mais emblemáticos de sua história política. A revisão da morte de JK pode trazer à tona documentos e depoimentos inéditos, reforçando a importância da transparência e do resgate da memória nacional.

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