FRAUDE MILIONÁRIA

Operação da PF mira fraudes no Farmácia Popular em diferentes estados

Mais de 100 medidas judiciais são cumpridas contra os suspeitos; entenda

Fraude milionária na Farmácia Popular é identificada pela PF.Créditos: Polícia Federal
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Nesta quinta (13), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Arthron para desarticular e desmontar um grupo criminoso envolvido no tráfico de drogas transnacional e em fraudes no Programa Farmácia Popular. Mais de 100 policiais cumpriram 106 ordens judiciais em Goiás, incluindo prisões, buscas e apreensões, e bloqueio de mais de R$ 39 milhões dos investigados. A ação ocorreu no Distrito Federal e em Goiás, Paraíba, Mato Grosso, Acre e Minas Gerais.

Em 2022, a investigação começou após a prisão em flagrante de dois indivíduos transportando grandes volumes de cocaína para Luziânia/GO. A droga estava destinada a um traficante da região, que se candidatou ao cargo de Vereador nas eleições de 2024.

A investigação revelou que os envolvidos eram responsáveis pela entrada de grandes quantidades de drogas provenientes principalmente da Bolívia, Colômbia e Peru. Essas substâncias eram revendidas a traficantes do entorno do Distrito Federal, com vínculos com facções criminosas de abrangência nacional.

O rastreamento das movimentações financeiras dos envolvidos revelou uma rede organizada para ocultar a origem ilícita dos valores obtidos com práticas criminosas. Foi identificada a criação de diversas empresas farmacêuticas utilizadas para obter vantagens indevidas no Programa Farmácia Popular. 

Os recursos obtidos com as fraudes foram, então, direcionados ao financiamento do tráfico de drogas. Ao menos 28 empresas foram diretamente empregadas pelo grupo para cometer os atos de estelionato contra a União.

Como funcionaram as fraudes

O Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB), criado pelo Governo Federal, tem como objetivo ampliar o acesso a medicamentos para a Atenção Primária à Saúde, com o apoio de farmácias privadas. As fraudes eram executadas da seguinte maneira:

  • Os suspeitos adquiriram empresas previamente registradas no PFPB, mas que já haviam interrompido suas atividades;
  • Realizavam modificações nas estruturas societárias e, frequentemente, associavam as empresas a terceiros;
  • Essas mudanças societárias e ajustes com o PFPB eram intermediados por uma investigada, que atuava como “despachante” nos órgãos públicos responsáveis pelo programa;
  • Com as alterações feitas, o volume de medicamentos comercializados por meio do Farmácia Popular aumentava, seja de forma gratuita ou com descontos;
  • Pagamentos eram efetuados aos envolvidos, que usavam diversas estratégias para ocultar os verdadeiros beneficiários.

Para viabilizar a fraude, realizavam registros fictícios de medicamentos que nunca chegaram aos consumidores, utilizando dados de pessoas que não sabiam da utilização indevida de suas informações.

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