REIVINDICAÇÃO SINDICAL

Sindipetro-NF realiza trancaço na base de Imbetiba em protesto pela manutenção do teletrabalho

Manifestação faz parte de diversos protestos em unidades administrativas da Petrobrás no Dia Nacional de Luta Pelo Teletrabalho

Trancaço em base de Imbetiba em protesto pela manutenção do teletrabalho.Créditos: Reprodução / Sindipetro-NF
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O Sindipetro-NF realizou, no início da manhã de hoje, um trancaço de aproximadamente duas horas nas entradas da base de Imbetiba, em Macaé. Faixas, veículos e a própria militância e direção sindical mantiveram-se nos portões da Praia Campista e da Praia de Imbetiba. O protesto faz parte de diversas manifestações em unidades administrativas da Petrobrás, em um Dia Nacional de Luta Pelo Teletrabalho.

Diversos diretores sindicais participaram do trancaço. O coordenador geral da entidade, Sérgio Borges, foi um dos que fizeram falas contundentes em defesa da manutenção do teletrabalho, praticamente suspenso pela empresa recentemente (com a adoção de várias restrições de modo unilateral).

Borges explicou que a gestão da companhia tem sido intransigente em relação ao tema — “tem feito uma birra mesmo, a palavra é essa” —, enquanto o movimento sindical entende que há plenas condições de haver uma solução negociada. Ele lembrou ainda que a experiência do teletrabalho gerou mais qualidade de vida para os trabalhares e trabalhadoras, além de ter reduzido o risco de acidentes em deslocamentos.

“Recentemente a diretoria executiva da Petrobrás aprovou uma alteração no homeoffice sem nenhum tipo de negociação, impondo o que a gente acredita ser um retrocesso no regime de teletrabalho, e se nega a negociar com os representantes dos trabalhadores. Nós aprovamos recentemente as mobilizações pipoca, e hoje estamos fazendo aqui, acabamos de liberar a entrada dos trabalhadores, essa manifestação com o objetivo de reabrir a mesa de negociação, para que a gente consiga construir um acordo de teletrabalho que contemple tanto os objetivos da empresa quanto os anseios dos trabalhadores”, explica o coordenador do sindicato.

Em circulação hoje, o boletim sindical Nascente, órgão oficial do Sindipetro-NF, afirmou em seu editorial que “somente resquícios de uma mentalidade gerencial retrógrada, que olha o trabalhador com desconfiança, como se ele sempre precisasse estar sob suas vistas para que produzisse, como senhores a fiscalizar seus escravizados, pode explicar que a Petrobrás tenha tido essa guinada conservadora recente de alterar, de modo unilateral, portanto arbitrário, o teletrabalho”.

Mobilizações e tentativas de negociação

As manifestações de hoje foram aprovadas em assembleias realizadas pela categoria no final do mês de janeiro, que também aprovaram um estado de greve. A mais recente reunião do movimento sindical com a gestão da Petrobrás, sobre o teletrabalho, foi realizada no último dia 7. Nela, os representantes da empresa afirmaram que não tinham autorização para negociar e pediram mais três semanas.

“Na contramão de um dos principais eixos do ACT, que é a valorização e o respeito à negociação coletiva, a empresa sequer assumiu o compromisso de não implementar qualquer termo individual de adesão ao teletrabalho, como foi cobrado pela FUP na reunião”, informou a Federação Única dos Petroleiros.

A FUP e seus sindicatos, entre eles o Sindipetro-NF, cobraram explicações sobre os motivos que levaram a companhia a propor mudanças no regime de teletrabalho. “Qual é a razão da empresa? Precisamos entender a necessidade dessa mudança, isso tem que fazer sentido”, questionou Cibele Vieira, diretora da FUP e do Sindipetro-SP. Segundo ela, faltam dados e números que justifiquem a nova demanda da Petrobrás.

A empresa alega que as alterações visam acelerar projetos, mas não detalhou quais são esses projetos, tampouco apresentou estatísticas sobre a quantidade de trabalhadores afetados pela medida. Também não foram divulgados estudos sobre os impactos da mudança na qualidade de vida e na saúde mental dos empregados.

Ainda na reunião, Tezeu Bezerra, diretor da FUP e do Sindipetro-NF, trouxe exemplos concretos do impacto do teletrabalho na vida dos petroleiros. Ele citou o caso de trabalhadores que atuam na base de Imbetiba, em Macaé, mas residem em Campos dos Goytacazes, a 100 km de distância, e de empregados do edifício-sede da empresa (Edisen), no Rio de Janeiro, que moram em Niterói. “É evidente que o teletrabalho trouxe mais qualidade de vida para essas pessoas”, afirmou.

A FUP criticou a quebra de um processo de construção iniciado em 2017, ressaltando que a decisão unilateral da empresa contraria a atual conjuntura política, em que o governo federal tem adotado um discurso de valorização dos trabalhadores. A entidade destacou ainda que o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) vigente prevê a negociação coletiva como um princípio fundamental.

Outro ponto levantado foi a contradição entre o discurso institucional da Petrobrás e suas ações. “Se a empresa afirma que cuida de pessoas, que tem empatia e que mantém o diálogo com os trabalhadores, como explica uma mudança tão drástica e com impacto profundo na vida das pessoas? Estamos diante de uma gestão de palavras vazias?”, questionaram os sindicalistas.

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