EDUCAÇÃO

Valorização de educadores potencializa índices de educação, confirma estudo

Evasão docente já é realidade global e segue motivada por perseguição de grupos políticos, discriminações e remuneração insuficiente

Relatório alerta para desvalorização global da educação.Créditos: Eduardo Seidl/Palácio Piratini
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O relatório “Status Global dos Professores 2024”, divulgado em dezembro de 2024 pela Education International, destaca que os principais os desafios enfrentados pelos educadores em todo o mundo, como escassez de professores, baixos salários, grandes cargas de trabalho excessivas e desincentivo de progressão na carreira não param de avançar, principalmente em um cenário politizado de negacionismo ao que é ensinado nas escolas.

O documento ainda mostra que estas questões conduzem a taxas de desgaste e desinteresse dos jovens na profissão ao longo do tempo. Professores seguem ganhando menos que profissionais com o mesmo nível de qualificação em mais da metade dos países estudados. O estudo completo pode ser acessado ao final da matéria.

O relatório, que reúne dados de 204 sindicatos de professores em 121 países, mostra que a crise educacional é um problema incomum, embora ela não atinja todas as nações da mesma maneira. Em países do Leste Asiático e do Norte da Europa, os sindicatos relatam medidas bem-sucedidas para conter a falta de professores e reduzir a rotatividade na profissão. 

Em algumas regiões, como América do Norte, Caribe e África, a situação é mais grave. A pesquisa destaca que a evasão docente é um fator mais preocupante do que a falta de novos professores, pois muitos abandonam a profissão pouco tempo após ingressar.

A discriminação também afeta a maior parte dos professores no mundo: 40% denunciam perseguição política, além da discriminação étnica e de gênero. Ao contrário de programas como o Escola Sem Partido, no Brasil, que ganhou apoio da extrema direita e de produtores de conteúdo revisionistas, a pesquisa ressalta que a defesa da liberdade de expressão dos educadores é essencial para garantir o pleno exercício dessa liberdade.

Até 2040, o Brasil poderá enfrentar um grave déficit de professores na educação básica, com uma escassez estimada de 235 mil docentes, de acordo com uma projeção do Instituto Semesp. A pesquisa destaca que a insistência em privatizar a educação pode agravar desigualdades sociais, pois estudantes mais ricos têm acesso a escolas de melhor qualidade, enquanto alunos de baixa renda enfrentam dificuldades em instituições públicas sub financiadas.

“Os docentes precisam ser percebidos como construtores de nações, e terem investimentos significativos em sua remuneração, desenvolvimento profissional e condições de trabalho. Essas medidas contribuem para maiores taxas de retenção e melhores resultados educacionais, demonstrando que a mudança sistêmica é possível com políticas deliberadas”, conclui os pesquisadores.

O relatório propõe cinco ações para reverter a crise na educação:

  • Aumento dos salários e benefícios para tornar a profissão mais atrativa;
  • Maior diálogo entre governos e sindicatos para melhorar as políticas educacionais;
  • Valorização da imagem do professor na mídia e na sociedade;
  • Redução da carga de trabalho para permitir maior foco no ensino;
  • Aumento do investimento público em educação, garantindo infraestrutura adequada e melhores condições de ensino.

Confira a íntegra:

 

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