Depois de uma forte chuva que atingiu a cidade de São Paulo na tarde desta sexta-feira (24), a cidade viveu um final de tarde e início de noite de caos. O temporal teve início por volta de 15h30 e deixou a capital paulista em estado de atenção até 17h35.
O Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), da prefeitura de São Paulo (CGE), encerrou o estado de atenção para alagamentos às 17h37, após registrar 16 pontos na cidade, sendo 11 deles intransitáveis. Já a Defesa Civil registrou 38 atendimentos, com 25 referentes à queda de árvores, 12 para desabamentos e 1 para deslizamento.
A estação Jardim São Paulo-Ayrton Senna, da linha 1-azul do Metrô, também alagou. Usuários do transporte registraram a situação, como mostram os vídeos abaixo.
Foi registrado o desabamento de parte do teto de um shopping na zona norte paulistana, o Center Norte, além do desabamento de uma casa em Santana, também na região.
Recorde de congestionamento e falta de energia
De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), às 18h, a lentidão no trânsito na cidade de São Paulo chegou a 1.062 km, mesmo em período de férias escolares, quando o tráfego costuma ser menor.
Foi a primeira vez que o índice ultrapassou a marca de 1.000 km desde 20 de dezembro de 2024, quando o município registrou 1.032 km, às 17h30.
Pelo menos 126 mil endereços ficaram sem fornecimento de energia elétrica, com 97 chamados para quedas de árvores e três para quedas e danos de fiações elétricas nas ruas.
O distrito de Vila Medeiros, na zona norte, foi o mais atingido, com 104,4 mm de chuva. Em seguida vieram os bairros de Pinheiros, com 90 mm, na zona oeste, e Santana, também na zona norte, com 83,2 mm.
De forma geral, a cidade registrou 122 mm em aproximadamente três horas, o que corresponde a 47,42% dos 257,3 mm previstos para o mês de janeiro, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE).
Vice-prefeito diz que 'pessoas jogam lixo no lugar errado'
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), publicou uma postagem em seu perfil no Instagram pouco depois das 20h para falar sobre o cenário da cidade após as chuvas.
"Estamos acompanhando desde o primeiro momento que iniciou as fortes chuvas na cidade de São Paulo. Nós tivemos picos aí de 105 milímetros. Para vocês terem uma ideia, o que choveu hoje representa metade do que estava previsto para chover o mês inteiro", justificou. "Então, a gente está aqui monitorando, acompanhando. São 345 veículos da prefeitura de São Paulo atuando, 2.400 funcionários, são as regiões mais atingidas. Zona leste, zona norte, a região central."
A demora para o prefeito falar sobre o assunto fez com que seu vice, Mello Araújo (PL) justificasse: "Ele [Nunes], inclusive, pediu para eu dar entrevista porque está no meio de uma reunião. Ele não apareceu nas redes sociais porque está vendo outras demandas", disse ele, em entrevista à CNN Brasil, segundo o Uol.
Na mesma entrevista, Araújo transferiu parte da responsabilidade pela situação aos moradores da capital paulista. "Outra coisa que a gente precisa falar é que as pessoas precisam contribuir com a limpeza. Nós, constantemente, temos falado da forma como as pessoas colocam o lixo. É um trabalho incansável a limpeza feita todos os dias na cidade. As pessoas não colaboram e jogam o lixo no local errado", afirmou.
Em postagem no X, o deputado federal e ex-candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol), cobrou o prefeito. "Entre 2021 e 2023, a gestão Ricardo Nunes deixou de gastar quase R$ 1,5 bilhão em verbas de combate a enchentes na cidade de São Paulo. O resultado está aí. A cidade mais rica da América Latina tem a obrigação de estar preparada para as mudanças climáticas", apontou.