CORRUPÇÃO DESCARADA

A fortuna que PMs da Rota recebiam por mês do PCC para protegê-lo

Policiais do batalhão mais defendido e bajulado por Tarcísio de Freitas, que são idolatrados por bolsonaristas, cobravam mensalidade da maior organização criminosa do Brasil

Créditos: Rota/Divulgação
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Uma investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo revelou que um grupo de PMs da Rota, o batalhão de choque considerado a elite máxima da corporação, recebia uma vultosa “mensalidade” do PCC (Primeiro Comando da Capital) para proteger os integrantes da maior organização criminosa do Brasil, que opera em pelo menos 24 países, que atuavam na Zona Leste da capital paulista. A Rota é idolatrada por bolsonaristas e vista como uma espécie de "joia" pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que bajula e defende com unhas e dentes o batalhão.

De acordo com a apuração do setor responsável por investigar transgressões e crimes praticados por policiais militares, seis homens da Rota, liderados por também PM que serviu por anos na unidade, recebiam R$ 600 mil por mês para vazar informações sobre levantamentos e operações direcionados ao grupo criminoso. O valor tornava-se ainda maior em determinadas ocasiões, como por exemplo na colaboração dos agentes com o líder máximo da organização na rua, Marcos Roberto de Almeida, conhecido como “Tuta”, que evitaram sua prisão durante a Operação Sharks, em 2020, ocasião em que o chefe da quadrilha conseguiu fugir antes da chegada das autoridades. Pela “mãozinha” a bando formado por PMs cobrou R$ 5 milhões. As informações são do portal Metrópoles.

O policial que comandava o esquema, identificado como “Leão”, atualmente estaria trabalhando em outro batalhão da PM na região metropolitana de São Paulo, mas ainda assim manteria influência dentro da Rota, cooptando agentes que atualmente estão lá para compor seu “time” criminoso. A investigação cita ainda uma situação semelhante à de Tuta, ocorrido com Silvio Luiz Ferreira, de vulgo “Cebola”, um criminoso poderoso que detinha, ou ainda detém, o cargo de “sintonia geral do progresso”. Ele é o suspeito de ter mandado matar o delator Vinícius Gritzbach, fuzilado no desembarque do Aeroporto Internacional de Guarulhos em novembro do ano passado.

“Cebola” seria preso na festa de aniversário de um advogado apontado pelo Ministério Público com um dos responsáveis por lavar dinheiro pelo PCC, identificado como Ahmed Hassan. Só que, com as informações privilegiadas passadas pelos PMs da Rota “contratados” pelo crime organizado, ele conseguiu fugir antes.

O grupo de PMs teria ainda, aponta a investigação da Corregedoria, lavado boa parte dos milhões obtidos ilegalmente servindo ao PCC abrindo negócios na região paulistana em que atuavam. Os estabelecimentos, um restaurante e um bar, levam a expressão “Rota” no nome, em homenagem ao batalhão de elite da Polícia Militar de São Paulo.

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