O Brasil deu um passo histórico em relação à igualdade de gênero com a abertura, nesta quarta-feira (2), do alistamento militar voluntário para mulheres. Pela primeira vez na história, brasileiras que completarem 18 anos poderão se inscrever para integrar as Forças Armadas, ingressando como soldados ou marinheiros-recrutas.
A decisão, formalizada em decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em novembro de 2024, surgiu após debates no Supremo Tribunal Federal (STF) e articulações do Ministério da Defesa.
O objetivo é ampliar a diversidade nas tropas e permitir que mulheres ocupem postos que não se limitem a áreas como saúde, logística e ensino.
"Nesse assunto, o Brasil deve muito. E não é para fazer serviço de enfermagem e escritório, é para a mulher entrar na infantaria. Queremos mulheres armadas até os dentes", disse o ministro da Defesa, José Múcio, ao anunciar a medida.
Diferentemente do alistamento militar masculino, que é obrigatório, o de mulheres será voluntário. Até então, as mulheres só podiam ingressar nas Forças Armadas através de escolas preparatórias oficiais, sendo que a Marinha permite que elas atuem em áreas mais combativas, como a de fuzileiros navais.
Inscrições
As inscrições para o alistamento voluntário seguem até 30 de junho de 2025. Podem participar mulheres nascidas em 2007 e que completem 18 anos no próximo ano. O alistamento pode ser feito online ou presencialmente em uma das juntas de serviço militar nos 28 municípios abrangidos pelo Plano Geral de Convocação. As candidatas passarão por etapas de seleção, que incluem entrevistas, testes físicos e exames de saúde.
A incorporação das selecionadas ocorrerá em 2026, com possibilidades de escolha entre o primeiro semestre (de 2 a 6 de março) e o segundo semestre (de 3 a 7 de agosto). O serviço militar terá duração inicial de 12 meses, podendo ser prorrogado por até oito anos, conforme necessidade das Forças. Após a dispensa, as voluntárias serão transferidas para a reserva não remunerada.
Embora o alistamento militar para mulheres seja voluntário, o governo projeta que, nos próximos anos, elas ocuparão até 20% das vagas disponíveis. Em 2025, serão 1.465 vagas, distribuídas entre Exército (1.010), Aeronáutica (300) e Marinha (155). Atualmente, as mulheres já representam cerca de 10% do efetivo total das Forças Armadas, atuando em funções diversas e, mais recentemente, em áreas combatentes, após aprovação em concursos específicos.
A história das mulheres nas Forças Armadas
As Forças Armadas brasileiras contam hoje com um contingente de 34 mil mulheres, em um total de 360 mil militares. A inclusão feminina nas Forças Armadas começou em 1980, impulsionada pela Marinha, que foi pioneira nesse processo. Dois anos depois, em 1982, a Força Aérea seguiu o exemplo e abriu suas portas para as mulheres. O Exército, por sua vez, iniciou a admissão de mulheres em suas fileiras em 1992.
*Com informações da Agência Brasil e Canal Gov