O Coletivo Aájò acusou, nesta quarta-feira (4), que o incêndio ocorrido na loja Casa de Ogum, em Várzea Grande, na última terça-feira (3), foi motivado por intolerância religiosa. O grupo exige que as autoridades acelerem as investigações para identificar e punir os responsáveis.
A loja, especializada em artigos religiosos de matriz africana, foi destruída pelo fogo. Testemunhas relataram ter visto um homem deixando o local pelo telhado logo após o início do incêndio.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e conseguiu controlar as chamas após algumas horas, evitando que o fogo se espalhasse para prédios vizinhos. Apesar da destruição material, ninguém ficou ferido.
Em nota, o Coletivo Aájò, que defende as religiões de matriz africana no estado de Mato Grosso, manifestou repúdio ao ocorrido, alegando que o ato fere o direito constitucional à liberdade de culto. O grupo destacou ainda a Lei 14.532, que prevê penas de 2 a 5 anos de prisão para crimes de discriminação religiosa.
Câmeras filmaram o crime
Imagens de uma câmera de segurança na rua Benedito Monteiro, próxima à avenida Couto Magalhães, registraram o momento em que um homem sobe no telhado da Casa de Ogum e ateia fogo ao estabelecimento. A loja, que funciona há mais de 40 anos, foi completamente destruída. O vídeo, gravado às 20h53, mostra o suspeito vestido com roupas escuras acendendo um objeto, cujas faíscas caem no asfalto. Em seguida, ele desce do telhado e sai por uma entrada lateral, enquanto as chamas se alastram.
A proprietária da loja suspeita que o incêndio tenha sido criminoso. De acordo com o Corpo de Bombeiros, dois caminhões de combate a incêndios e duas viaturas de resgate foram enviados ao local, onde encontraram o comércio em chamas. Após o controle do fogo, os bombeiros removeram parafina e botijões de GLP armazenados no interior do estabelecimento, mas houve perda quase total dos produtos.
A comunidade local e grupos de defesa dos direitos religiosos esperam um desfecho rápido e justo para o caso.
Assista o vídeo:
Confira a nota do Coletivo na íntegra:
O Coletivo Aájò, representando a defesa da liberdade religiosa e dos direitos humanos, vem a público manifestar o mais veemente repúdio ao lamentável episódio de racismo religioso, ocorrido na noite de terça-feira (3), no centro de Várzea Grande, em que um incêndio criminoso foi provocado em uma loja de artigos religiosos. Conforme relatado por veículos de comunicação e registrado em imagens de câmera de segurança, um homem foi visto no telhado da loja CASA DE OGUM ARTIGOS RELIGIOSOS, e antes de as chamas começarem.
Este ato criminoso, que visou um estabelecimento de artigos religiosos, não é apenas um ataque ao patrimônio, mas, sobretudo, um atentado contra a liberdade de crença e a diversidade religiosa garantidas pela Constituição Federal. A Lei 14.532, sancionada em 2023, reforça que crimes como este, acrescenta a injúria e cria o crime de injúria racial coletiva, além de prever novas penas para casos de racismo em religiões, atividade esportivas e recreações, configurando o ato como racismo religioso, devendo ser punidos com rigor.
O Coletivo Aájò acredita que este ato não pode ser interpretado como um evento isolado, mas sim como uma manifestação da intolerância que afeta, especialmente, as religiões de matriz africana e outras minorias religiosas, que frequentemente sofrem ataques e discriminação no Brasil. Exigimos das autoridades competentes uma apuração célere e rigorosa dos fatos, com a responsabilização criminal do autor, conforme estabelecido pela Lei 14.532, que prevê de 2 a 5 anos de reclusão para crimes de discriminação religiosa. Não podemos tolerar que a intolerância se propague impunemente, destruindo não apenas os espaços físicos dedicados à prática religiosa, mas também a dignidade e os direitos daqueles que professam suas crenças em paz.
É mister neste instante relembrar, que o Coletivo Aájò, tem o cunho de combater qualquer ato de discriminação e ou preconceito, que envolva à intolerância e racismo religiosa, razão pela qual nos juntamos nessa luta, em prol da proteção do direito à liberdade religiosa, a liberdade de crença, o respeito ao sentimento religioso e a tudo que tange ao direito à fé, ao sagrado, ao respeito mútuo em nossa sociedade, para a garantia de que cada cidadão, tenha atendido o direito a sua religiosidade ou mesmo a ausência da crença religiosa ou divina, por ser o Brasil um Estado laico Sendo assim, não toleraremos em nenhuma hipótese tais práticas. Reafirmamos nosso compromisso com a luta contra o racismo religioso e exigimos respeito à liberdade de crença de todos os cidadãos e cidadãs deste país.
O Coletivo Aájò se solidariza com os proprietários da loja e com todos os praticantes de religiões que, diariamente, são vítimas de preconceito e intolerância, reafirmando que a justiça precisa ser aplicada para proteger e garantir os direitos de todos”.