A Justiça Federal de São Paulo tornou dois "coaches" estrangeiros e um brasileiro réus por supostamente promoverem turismo sexual em São Paulo através de um curso sobre como atrair mulheres.
O grupo, conhecido como Millionaire Social Circle, vai responder pelos crimes de atrair à exploração menores de 18 anos e induzir à exploração mediante fraude com lucro. Os coaches eram investigados desde fevereiro de 2023 após uma festa em uma mansão no bairro Morumbi, Zona Sul de São Paulo, onde estavam presentes adolescentes menores de idade.
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Respondem ao processo o brasileiro Fabrício Marcelo Silva de Castro Junior; o chinês Ziqiang Ke, ou Mike Pickupalpha; e o norte-americano Mark Thomas Firestone, conhecido como David Bond ou Steven Mapel. O caso corre na 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
"Obtiveram significativos ganhos financeiros a partir da exploração sexual de mulheres brasileiras, em prática conhecida como ‘turismo sexual’, uma vez que os encontros são realizados em países em desenvolvimento, nos quais as mulheres são tratadas como objeto sexual e atraídas pelas facilidades econômicas oferecidas pelos estrangeiros”, diz um trecho da decisão proferido pelo procurador da República Michel Fracois Drizul Havrenne.
Fabrício também teve seu passaporte apreendido a pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Federal. Os órgãos também pediram que a Polícia Federal foi acionada para impedir que o brasileiro saísse do país com o uso do RG para países do Mercosul.
"A medida se mostra necessária para aplicação da lei penal, tendo em vista que a parte acusada possui passaporte e visto americano e está sendo acusada de atuar em unidade de desígnio com o americano", afirma o juiz na decisão.
Relembre o caso
Realizada no dia 26 de fevereiro de 2024, a festa promovida pelo grupo Millionaire Social Circle foi denunciada à Polícia Civil por uma das mulheres presentes no evento. Ela afirmou, em depoimento, que a festa teria sido usada como "aula prática" para o curso oferecido pelos "coaches" sobre como conquistar mulheres brasileiras.
De acordo com o boletim de ocorrência da vítima, de 27 anos, ela conheceu um homem através de um aplicativo de relacionamento, que o convidou para a festa. No local, havia diversos homens estrangeiros que a fotografaram e filmaram para o curso.
O caso foi registrado como “favorecimento de prostituição ou outra forma de exploração sexual e agenciar, aliciar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher exploração sexual” na 34º Distrito Policial (Morumbi).
Ao todo, foram ouvidas 17 vítimas e testemunhas, entre 17 e 24 anos.
O curso oferecido pelo grupo MSC já ocorreu em diversos países, como Costa Rica, Colômbia e Filipinas. São vendidos diversos pacotes, que vão de US$ 12 mil a US$ 50 mil, que contam com uma "consultoria" e viagens por diversos países.
Nessa "consultoria", os coaches ensinam como abordar mulheres em diferentes locais e como “levar uma mulher para cama” em apenas um dia.
Em relação ao Brasil, a cidade de São Paulo constava na lista. A escolha do país, segundo um vídeo de David Bond e Mike Pickupalpha, se dava porque as mulheres brasileiras eram "incrivelmente lindas”, “sexualmente abertas” e o Brasil era um país onde “beijar na boca é o mesmo que apertar as mãos”.
Os homens também afirmavam que as brasileiras seriam mais permissivas que mulheres de outros países e que, caso um "aluno" tentasse beijar uma brasileira e ela não quisesse, não haveria grandes consequências.
Após a festa se tornar alvo de investigação, os coaches apagaram os conteúdos relacionados ao Brasil.