SAÚDE DO TRABALHADOR

Mercado de trabalho: 46% dos brasileiros vivem sob estresse profissional, diz pesquisa

Relatório da Gallup mostra relação entre condições de trabalho e níveis de tristeza, estresse e engajamento de trabalhadores no Brasil e no mundo

Escritório.Créditos: Schezar via Flickr
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Um relatório da Gallup — multinacional norte-americana que conduz pesquisas de opinião pública — analisou as condições do mercado de trabalho global em 2024 e a forma como aspectos organizacionais, estruturais e psicológicos afetam a dinâmica profissional e o nível de satisfação de trabalhadores em todo o mundo. 

De acordo com a pesquisa, realizada em 90 países e mais de 183 mil empresas distribuídas entre 53 indústrias, 41% dos trabalhadores estão sob estresse considerável no trabalho a níveis mundiais. 

A causa primordial indicada é a má gestão: a dificuldade de gerência das empresas pode causar até 30% a mais de estresse nos trabalhadores. Em contrapartida, pessoas em cargos de gerência são as que mais apresentam sintomas de estresse e tristeza com seus trabalhos.

O Brasil é o 4° país da América Latina em níveis de tristeza experimentada por trabalhadores: 25% dos entrevistados responderam sim quando perguntados se sentiram tristeza na jornada de trabalho do dia anterior. A posição dos trabalhadores no ranking cai, entretanto, quando perguntados se existe a intenção de deixar o trabalho: nesse caso, brasileiros ocupam a 15ª posição entre os latino-americanos. 

"Eu estou recebendo um salário com meu trabalho, então eu tenho que continuar. Mas é muito tedioso fazer o mesmo trabalho todo dia", diz uma entrevistada indiana da pesquisa. 

Para vários dos estados psicológicos avaliados pela Gallup, como o estresse, a raiva (que é maior entre brasileiros do que no resto da América Latina), a preocupação e a solidão, o sentimento de não estar engajado com o trabalho que se performa é equivalente ou pior do que o desemprego. "Metade dos trabalhadores que se sentem engajados com seu trabalho estão prosperando na vida de forma geral", diz o estudo.

Mas por que a maioria dos trabalhadores (pelo menos 62% dos entrevistados) não se sente engajado, e por que 46% dos brasileiros se dizem estressados com a vida profissional?

Os fatores mais significativos para medir o nível de engajamento dos trabalhadores (isto é, sua motivação) e seu conforto na vida profissional foram: 

  • Saber o que é esperado de si no trabalho
  • Ter oportunidade de crescimento
  • Ser reconhecido e encorajado pelos supervisores

Apesar de a prosperidade econômica de um país e as leis trabalhistas existentes serem grandes medidores da satisfação no trabalho, a pesquisa avaliou que uma boa gerência pode corresponder a até 70% das variações no nível de engajamento dos trabalhadores. 

"Os gestores podem estimular o engajamento através do estabelecimento de objetivos, de feedbacks regulares e significativos e da responsabilidade (o termo "accountability", que pode significar também prestação de contas e transparência)”.  

Para a América Latina e outras regiões do Sul Global, esse resultado soa estranho, já que fatores como a natureza dos trabalhos — que inclui condições materiais, o número de horas de trabalho exigido semanalmente e o nível de salários — parecem ser, de forma geral, mais relevantes.

Vale lembrar que apenas 1 em cada 10 graduados no Brasil ocupa uma vaga equivalente ao seu nível de capacitação, de acordo com uma pesquisa da Geofusion

 

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