Ricardo Nunes (MDB), prefeito da capital paulista e candidato à reeleição, e Ricardo Mello Araújo (PL), ex-coronel da PM (Polícia Militar) e vice-prefeito na chapa do emedebista, partiram ao ataque nesta quinta-feira (29) contra o ex-coach Pablo Marçal (PRTB). A dupla bolsonarista fez campanha em Guaianases e Lageado, bairros da zona leste da capital, e subiu o tom das críticas ao classificar o influenciador digital de "estelionato com ideias lunáticas".
Nunes fez questão de reforçar o apoio irrestrito prometido pelo seu padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro. "Sabe do que eu tenho certeza absoluta? Que o presidente Bolsonaro jamais vai apoiar alguém que foi condenado e preso por fraudar e tomar dinheiro de aposentados", disse o prefeito ao comentar a possibilidade do líder da extrema direita abandoná-lo pelo caminho para apoiar Marçal.
Te podría interesar
Bolsonaro tem tido participação tímida e ambígua na campanha dos Ricardos em São Paulo. Há cerca de dez dias, o ex-presidente disse a uma rádio do Espírito Santo que o prefeito não seria “o seu candidato dos sonhos”. O cacique do PL emendou o comentário elogiando a inteligência de Marçal. Bolsonaro chegou a publicar, dias depois, um vídeo em suas redes sociais garantindo apoio a Nunes "até onde fosse possível".
O coronel Mello Araújo fez questão de acompanhar o companheiro de chapa e elevou ainda mais o tom para criticar Marçal. Foi a primeira vez que o bolsonarista ex-comandante da Rota se dirigiu à imprensa desde o início da campanha em 16 de agosto.
"Isso aí lá no Código Penal está tipificado. É estelionato você utilizar de meios pra enganar e ludibriar uma pessoa", explicou o ex-PM, cujo nome foi uma imposição de Bolsonaro para que o PL embarcasse na coligação de apoio a Nunes.
Para o emedebista, Marçal está "envolvido até o nariz e com pessoas do seu partido ligadas ao PCC [Primeiro Comando da Capital]" e que "existe uma quadrilha em torno do candidato" do PRTB. "A gente está tendo um personagem craque em estelionato que faz promessas mirabolantes e lunáticas", acrescentou Ricardo, o prefeito da capital.
Na última quarta (28), Bolsonaro convocou militantes de extrema direita para um “ato patriótico” no feriado de 7 de Setembro, na avenida Paulista, em São Paulo. O ex-presidente estendeu o chamamento a candidatos a prefeituras, alegando que a manifestação seria suprapartidária. O convite deixou aberta a possibilidade de Nunes e Marçal comparecerem ao evento bolsonarista.
Mesmo assim, o candidato a vice-prefeito reforçou os ataques ao ex-coach. "O cara conduziu 60 pessoas para uma caminhada lá no pico dos Marins. Teve que chamar o resgate. Que chefe de excursão que leva pessoas para o perigo e expõe ao risco e depois chama os Bombeiros para resgatar?", disse Ricardo, o ex-PM, ao se referir a uma expedição liderada por Marçal à Serra da Mantiqueira, no interior paulista, que quase acabou em tragédia, em janeiro de 2022.
Sob pressão
Mesmo com a máquina na mão, o candidato à reeleição não tem obtido sucesso em fazer a sua campanha decolar. Nunes ficou na terceira posição na disputa à prefeitura de São Paulo, segundo pesquisa Datafolha de quinta (22). O prefeito aparece com 19% das intenções de voto, atrás do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 23%, e de Marçal, 21%.
Já a pesquisa Quaest, divulgada ontem (28), mostra empate técnico em primeiro lugar entre Boulos (22%), Marçal (19%) e Nunes (19%). A sondagem indica transferência de votos do atual prefeito para o ex-coach.