A Polícia Civil de Goiás está investigando um jovem de 24 anos que seria “influencer” e que estaria ridicularizando a própria filha de dois anos, que apresenta paralisia cerebral, nas redes sociais, com a finalidade de angariar recursos de doadores que teriam a intenção de ajudar a criança. Igor de Oliveira Viana diz coisas horrendas sobre a bebê e seu comportamento acabou gerando revolta em muitos internautas. Os envolvidos são de Anápolis, a 55 km de Goiânia.
Nas redes, onde tem quase 200 mil seguidores, o rapaz escreve várias coisas de tom evangélico, como ser “servo de Deus”, reproduz o “Salmos 23” , diz que “certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida” e que "Deus dá crianças especiais, pra pais especiais”. No entanto, ele é conhecido há alguns anos nesse universo digital por ter dado declarações grotescas como dizer que tem nojo de mulheres com estrias e que "não pega mulher com menos de 50 quilos".
Quem também é investigada é a mãe da menina, Ana Vitória Alves do Santos, que igualmente seria “influencer” e “criadora de conteúdo” nas redes. As autoridades afirmam que os dois, que já não estão juntos há algum tempo, estariam vivendo desses valores arrecadados via Pix. Ela, aliás, é investigada por ter realizado procedimento estéticos caros supostamente usando o dinheiro que as pessoas doavam ao casal para custear o tratamento da filha deles.
Como os nomes e as fotos dos dois passaram a circular na imprensa e em outros meios após o escândalo, Igor resolveu responder às acusações à reportagem do portal g1. Na breve entrevista, ele não só assume que gasta o dinheiro depositado em sua conta, chamando os doadores de “trouxas”, assim como fala coisas ainda mais terríveis sobre a própria filha.
“Eu não imaginava que uma criança que tem 10% do cérebro funcionando fosse tão chata e pudesse me dar tanto problema. A vontade, às vezes, é de largar na porta do orfanato e deixar alguém se virar, alguém tomar conta... Minha filha não tem Pix, então se eles foram trouxas, a culpa não é minha. Eu não sou obrigado a usar o dinheiro que eles mandam especificamente com a minha filha. Eu também tenho necessidade de serem supridas. Também sou um ser humano”, disse Igor ao g1, sem qualquer pudor ou constrangimento.
A criança estava até então sob a tutela do pai e só era vista pela mãe esporadicamente. No entanto, diante do episódio absurdo, a Polícia Civil notificou o Conselho Tutelar do município para que a bebê fosse retirada de Igor e deixada sob os cuidados da avó paterna, embora a Justiça ainda não tenha decidido sobre a guarda da menor.
A delegada responsável pelo inquérito, Aline Lopes, esclareceu também que se a mãe tinha conhecimento do que vinha ocorrendo e não fazia nada, será responsabilizada penalmente também, da mesma forma que o pai.
“Ela, sendo a mãe, enquanto estava casada com ele, se não agiu para impedir isso, também responde por omissão. Como mãe, ela tem o dever de evitar e de não concordar com esse tipo de atitude. No momento em que concordou e permitiu o que ele fez, sem tomar providências, ela pode ser responsabilizada por omissão”, expôs a delegada do caso.