INVESTINDO NO FUTURO

Maricá (RJ) paga R$ 12 mil a cada aluno que concluir Ensino Médio

Cidade da região metropolitana do Rio criou há um ano o programa Mumbuca Futuro, de combate à evasão escolar, que beneficiará três mil estudantes em 2024

Créditos: Prefeitura Municipal de Maricá
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Em Maricá, cidade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, cada aluno que concluir o Ensino Médio receberá até R$ 12.250,00 da Prefeitura. Esse é o valor do estímulo para cada estudante permanecer em sala de aula, numa ação direta de combate à evasão escolar.

O programa Mumbuca Futuro começou em 2023 e atende atualmente 1.600 alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. A Prefeitura já anunciou que, ainda em 2024, vai praticamente dobrar o benefício, alcançando 3 mil estudantes. O investimento anual da gestão passa de R$ 2,8 milhões para R$ 5,2 milhões.

Cada aluno recebe R$ 50,00 mensais durante 11 meses do ano (não há pagamento nas férias). Além disso, o estudante tem direito a R$ 1.200,00, ao fim do ano letivo, depositados em uma caderneta de poupança. O valor anual, portanto, chega a R$ 1.750. Ao completar o ensino médio, cada aluno terá recebido R$ 12.250,00.

Os valores mensais podem ser utilizados imediatamente pelos estudantes. O pagamento é feito usando a moeda social criada pela prefeitura, a Mumbuca. Cada Mumbuca equivale a R$ 1 e só é aceita dentro do município para fomentar a economia local. O nome é referência a um importante rio que corta a cidade de Maricá. Já os depósitos anuais em poupança só podem ser sacados após a conclusão do Ensino Médio.

Há semelhanças com o Pé-de-Meia, anunciado em março pelo presidente Lula para combater a evasão escolar em nível nacional. O programa federal beneficia apenas estudantes do Ensino Médio. Ao todo, 2,5 milhões de jovens serão atendidos em todo o Brasil, com investimento de R$ 7,1 bilhões por ano.

Educação financeira

O Mumbuca Futuro é uma parceria das secretarias de Educação e de Economia Solidária com o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM). “Combinamos incentivo financeiro e projeto de vida. É o próprio estudante que investe o dinheiro recebido, e ele usa como referência as lições aprendidas nas aulas de educação financeira”, avalia o diretor-presidente do ICTIM, Cláudio Gimenez.

Os alunos do ensino fundamental têm aulas no contraturno sobre temas ligados à economia solidária: Consumo Responsável; Agroecologia e Soberania Alimentar; Comércio Justo e Finanças Solidárias; e Empreendimento Econômico Solidário. No ensino médio, as aulas abordam “temas teóricos e práticos com a elaboração de plano de negócios solidários”.

Transformação

Os estudantes inscritos no Mumbuca Futuro precisam passar de ano e ter pelo menos 75% de frequência. Ao concluir o Ensino Médio e sacar os valores depositados, cada aluno precisa comprovar o ingresso em uma universidade ou apresentar um projeto de economia solidária.

A coordenadora do Mumbuca Futuro no ICTIM, Rayanne de Medeiros, avalia o potencial de transformação do programa: “Os alunos apresentam um plano econômico solidário. Para isso, visitam cooperativas e empreendimentos sustentáveis, no sentido de entender a nova economia e pensar o mundo de uma forma diferente”.

Adriana Dornelas Leal, agente educacional de inclusão, e seu filho Lucas, 11 anos, aluno do 7º ano do Ensino Fundamental, elogiam o Mumbuca Futuro. “O programa ajuda as crianças a se desenvolverem, a terem conhecimento financeiro. Meu filho está aprendendo a ser independente. Ele usa para comprar as coisas dele, às vezes ajuda em casa. Também aprende sobre temas importantes como democracia e cooperação”, diz Adriana.

“É muito bom para mim e para os meus colegas”, comemora Lucas. “A gente se ajuda e incentiva os outros a virem para a escola. Eu compro arroz e feijão para ajudar em casa, além de biscoito, chocolate, refrigerante. Pretendo investir o dinheiro que fica guardado na minha faculdade. Quero ser advogado”, sonha o estudante.

Evolução no Ideb

De acordo com o último Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), referente a 2021, Maricá passou a ocupar a 10ª posição entre os municípios do estado do Rio de Janeiro para os anos finais (6º ao 9º ano).

Na comparação com 2015, o município ocupava a 50ª posição entre as 92 cidades fluminenses. O novo Ideb representou um salto de 40 posições.