VIOLÊNCIA SEM FIM

Mãe tirou o celular e filho foi à casa de vizinhos, matou 3 pessoas e pegou um aparelho

História e motivação do triplo homicídio em Agudos (SP), com casal idoso e seu genro esfaqueados, chocaram o país e reacenderam discussão sobre a violência dos adolescentes

As três vítimas do adolescente de Agudos.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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Um crime bárbaro na pequena e pacata cidade de Agudos, no interior de São Paulo, chocou o Brasil na última sexta-feira (24). Um casal de idosos muito conhecido no município, Joana de Fátima Sanches Carrasco, de 70 anos, e Aparecido Roberto Carrasco, de 74, além do genro deles, o autônomo Valdinei de Sousa, de 57 anos, foram brutalmente assassinados dentro da residência das duas primeiras vítimas a golpes de faca. Sem razão aparente e numa localidade tranquila, a Polícia Civil paulista se viu diante de um mistério.

No entanto, não foi preciso mais do que dois dias para se chegar à autoria do crime. De acordo com os investigadores, um adolescente de 15 anos, que morava numa casa que dá fundos para o imóvel dos idosos, foi quem cometeu a barbaridade. Ele desapareceu horas após os corpos serem encontrados pela filha do casal (e esposa da terceira vítima), mas apareceu morto dentro de um edifício abandonado em Bauru, a 20km de Agudos, menos de 72 horas depois de protagonizar o crime. Mas o que assusta ainda mais na história é a motivação para tal barbárie.

Os policiais descobriram que o jovem, que já teria problemas com álcool e drogas, além de usar medicamentos controlados, havia agredido a mãe no dia anterior aos homicídios porque ela retirou seu aparelho celular. Revoltado, o adolescente, que não teve a identidade revelada pelas autoridades, teria ficado irrequieto e ainda mais agressivo do que o habitual desde então. Testemunhas que o viram antes de seu corpo ter sido encontrado com um ferimento nas costas no edifício desocupado de Bauru já tinham contado aos investigadores que ele tinha em sua posse um celular “aparentemente velho, mas bem conservado”, que era de uma das vítimas que ele assassinou, o que de fato ficou comprovado, já que o aparelho estava junto com ele ao perder a vida. A Polícia Civil ainda analisa o que ocorreu com o menor e disse que ele pode ter morrido por acidente, ter sido morto ou até mesmo se suicidado.

Curiosamente, nada de valor dentro da residência do casal Carrasco foi levado. Eletrodomésticos, eletrônicos, dinheiro e cartões bancários ficaram onde estavam. O assassino queria mesmo, ao que se presume, um celular, e foi o que ele levou. Só que para isso golpeou mortalmente com uma faca três pessoas.

Exatamente uma semana antes desse bárbaro crime, no dia 17 deste mês, outro triplo homicídio em circunstâncias parecidas, só que ainda mais graves, chocou o Brasil. Um adolescente de 16 anos, morador do bairro Vila Jaguara, na Zona Oeste de São Paulo, matou a tiros o pai, a mãe e a irmã da mesma idade depois de ter um ataque de fúria por ter o celular retirado de suas mãos pelos responsáveis. A pistola automática usada no crime era do pai do garoto, um guarda civil municipal de Jundiaí.

O mais chocante é que o menor passou todo o fim de semana ao lado dos corpos dos três familiares, jogados no chão dentro de casa, sobre poças de sangue, enquanto fazia refeições, ia à padaria e à academia para malhar, de maneira totalmente natural. Foi ele mesmo quem ligou para a PM, no fim da noite de domingo (19), para contar o que tinha feito e avisar que os cadáveres estavam lá para serem retirados.