Em entrevista ao Fórum Café desta segunda-feira (27), o engenheiro e ex-diretor do Departamento de Esgotos Pluviais de Porto Alegre Vincente Rauber explicou uma série de problemas técnicos que favoreceram a tragédia climática que ocorre na capital gaúcha desde o início do mês.
Segundo Rauber, por conta da falta de manutenção nas comportas que circundam a cidade e pela falha nas casas de bombas que se estendem pelo sistema de esgoto portoalegrense, a intensidade das inundações aumentou drasticamente.
O engenheiro, que conhece profundamente as questões da engenharia hidráulica da capital gaúcha, afirmou que as enchentes poderiam ter sido 90% menores com a manutenção técnica dos sistemas de comportas e bombas, que não foi feita pela gestão de Sebastião Mello (MDB), prefeito de Porto Alegre.
"Se você tem uma barreira bem fechada, passa água? Não passa. Não está passando água nos diques, não está passando água no muro. Está passando água pelas comportas, pelas as cisternas e pelas casa de bombas", explica.
"Não tem nenhum sistema perfeito no planeta, eu sei. Mas vamos dizer que tenha ocorrido, digamos, problemas com uma comporta ou duas... Você vai lá com mergulhadores e tranca esse vazamento. Ele podia ser prevenido antes e durante, e nós não teríamos talvez nem 10% da inundação que tivemos", afirma Vicente.
"Opção política"
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) também comentou a situação, reiterando que a não manutenção e o abandono são parte de escolhas políticas da atual gestão da capital.
"A opção gerencial e política de desmonte da estrutura pública de Porto Alegre, de prevenção a essas inundações e de tratamento e atendimento do tema saneamento básico é real. Ao longo dos últimos anos, o descuido e o abandono foram muito graves", disse a parlamentar.
Confia a entrevista completa de Vicente Rauber e Maria do Rosário ao Fórum Café desta segunda-feira (27):