As ações truculentas da Polícia Militar de São Paulo na Baixada Santista, desencadeadas no início de fevereiro após a morte de dois PMs na região, fizeram a primeira vítima de bala perdida. Edneia Fernandes Silva, de 31 anos, levou um tiro após a chegada de três policiais que faziam patrulhamento de moto, na praça José Lamacchia, no bairro Bom Retiro, na Zona Noroeste de Santos, no fim da tarde de quarta-feira (27). Ela, que ficou internada por um dia, mas não resistiu, era mãe de seis filhos.
De acordo com moradores da área, Edneia estava sentada num banco da praça aguardando um dos seus filhos, que havia sido deixado num salão para cortar o cabelo. Ela conversava com uma amiga quando, de repente, um policial disparou contra alguém, momento em que a mulher foi atingida e caiu. Os agentes envolvidos alegam que houve uma troca de tiros nas proximidades.
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“A polícia está dizendo mentira, de que foi troca de tiros. Não houve operação, só três motos da Rocam que passaram. Um único tiro vindo do policial foi o que atingiu ela”, disse Thayna Santos, prima de Edineia, segundo reportagem do portal g1. A parente disse também que “a família está destruída”.
A vítima foi levada inicialmente para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Zona Noroeste, para em seguida ser transferida para a Santa Casa de Santos, hospital de referência na maior cidade do Litoral de São Paulo. No dia seguinte, no entanto, Edineia faleceu.
“Precisamos de amparo real, afinal, a polícia deveria proteger a população e não destruir a vida de inocentes. Não é justo tratarem as famílias da comunidade como lixo, como se fôssemos bichos”, acrescentou Thayná, revoltada.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse em nota que as circunstâncias do fato estão sendo apuradas pela Polícia Civil, por investigadores do 5° Distrito Policial de Santos, e que exames periciais foram realizados para tentar descobrir como se deu a dinâmica da morte de Edneia.
Desde que um PM da Rota e outro do Baep, duas unidades de elite da corporação, foram mortos em comunidades da região, nos primeiros dias de fevereiro, a SSP, comandada pelo PM da Rota e bolsonarista Guilherme Derrite, que é deputado federal licenciado e conhecido por seu discurso de extrema direita em prol da violência policial, já deixou 54 mortos em praticamente todos os municípios da área metropolitana da Baixada Santista.