"CIDADÃO DE BEM"

Quem é o bolsonarista marido de pastora que matou a amante e tinha 80 armas

Crime brutal ocorreu no interior de São Paulo. Seguidor fanático do ex-presidente ainda mantinha mais de 16 mil munições em casa. Ele já foi preso pela polícia

O bolsonarista Hélio Leonardo Neto, que assassinou a amante.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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Hélio Leonardo Neto tem 47 anos, trabalha como gerente de uma rede de postos de combustíveis em Americana, no interior de São Paulo, e é casado com uma pastora evangélica. Bolsonarista convicto, com fotos vestindo a camisa da seleção brasileira e em atos da extrema direita, ele tem registro de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) e mantinha em casa 80 armas de fogo, além de 16,3 mil munições de vários calibres. No domingo (17), Hélio foi preso pela Polícia Civil paulista acusado de ter cometido um feminicídio.

A vítima é Mônica Matias de Paula, de 33 anos, que trabalhava como garota de programa e mantinha uma relação extraconjugal com o gerente de postos. Ela foi enforcada de forma bárbara e o suspeito confessou ter sido o autor do assassinato. Desaparecida desde 4 de março, o corpo foi encontrado numa região erma, de matagal, na lateral da Rodovia Anhanguera, em avançado estado de decomposição.

Mônica Matias de Paulo, a vítima assassinada

O namorado de Mônica estranhou o sumiço da parceira e comunicou no dia 6 deste mês o desaparecimento dela, informando que suspeitava de Hélio, uma vez que sabia da relação entre os dois. Após a localização do cadáver, investigadores da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana montaram uma campana na entrada do condomínio onde o gerente de postos de combustíveis mora e o detiveram quando ele chegou com seu Volkswagen Virtus, o mesmo veículo usado para cometer o crime.

Segundo apurado pelas autoridades até o momento, depois de ser ameaçado com a exposição de sua relação de infidelidade, Hélio teria chamado Mônica para sair e então foram até uma zona rural, no automóvel dele, da cidade de Limeira, vizinha ao município onde moravam. Lá ela teria sido espancada e enforcada pelo feminicida.

A mulher de Hélio, uma pastora evangélica, chegou a ser interrogada pela polícia em busca de algum indício de que pudesse ter tido participação no bárbaro crime, hipótese descartada posteriormente. Ela informou que recebeu mensagem pelas redes sociais falando sobre o caso extraconjugal do marido, teria o confrontado sobre aquilo, mas que ele teria negado tudo. Os policiais acreditam que a esposa não tenha, de fato, qualquer envolvimento no desfecho trágico do episódio.

Na casa de Hélio os policiais civis encontraram um verdadeiro arsenal composto por revólveres, pistolas, espingardas e fuzis, além de um paiol com dezenas de milhares de cartuchos de munição para as mais diferentes armas. O material, embora na maior parte legal (havia itens ilegais), foi apreendido e levado para a delegacia.

O advogado do acusado, Hamilton Rodrigues, confirma que seu cliente confessou o crime, mas explica que ele “teria perdido a cabeça” por “não conseguir mais enfrentar a pressão psicológica” supostamente imposta pela vítima, que queria revelar o caso com ela para a pastora com quem era casado.

"Emocionalmente ele não conseguiu mais lidar com essa situação. Ele confessa o crime, [e justifica que o fez] por conta dessa pressão psicológica e dessas ameaças que ele vinha sofrendo", disse o advogado.