Foi divulgado nesta terça-feira (12) o levantamento que mostra os índices de homicídios registrados no ano de 2023 no Brasil e os números revelam que, desde o início da série histórica, realizada a partir de 2007 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a quantidade de pessoas assassinadas no país nunca foi tão baixa, embora sigamos como uma das nações que mais registram crimes desse tipo no planeta.
No ano passado, mostra o Monitor da Violência, aproximadamente 35,9 mil pessoas foram vítimas de homicídio no Brasil, uma redução de 4% no índice se comparado aos registros de 2022. São levados em consideração pela compilação de dados os homicídios dolosos (incluindo feminicídios), latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de morte. No caso das mortes provocadas pelas polícias, os números não entram na contagem.
Desde que o levantamento é realizado (2007), o ano com mais homicídios registrados foi 2017, com 59,1 mil casos. No período, índices semelhantes foram vistos, com os 57,8 mil assassinatos de 2016 e os 57,1 mil de 2014. Agora, o Brasil vem experimentando uma queda consecutiva de três anos (44,1 mil em 2020, 42,2 mil em 2021 e 41,1 mil em 2022).
Vista com lupa, a estatística mostra que a redução foi uniforme pelo país, com baixa no número de assassinatos em 21 unidades federativas, com uma mantendo estabilidade (Ceará). Outras cinco tiveram alta na quantidade de homicídios (Amapá, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Maranhão).
O que pode explicar a queda nos últimos anos?
Muitas variáveis impactam nos números de homicídios registrados no Brasil. Para quem não é muito afeito ao assunto, imaginar que a presença policial nas ruas, de forma mais ostensiva, é uma hipótese é um ledo engano. O estado que registrou maior alta nos homicídios em 2023 foi o Amapá, que tem a maior média de policiais por mil habitantes do país (4,2). Já a segunda menor taxa de assassinatos está em Santa Catarina, que tem a menor presença policial por cada mil habitantes (1,3).
O que vem sendo analisado há alguns anos é a relação na baixa de homicídios por interferência direta do crime organizado, que tem se profissionalizado e cada vez mais tomado conta de territórios pelo Brasil. É notório que os maiores índices de homicídios sempre foram registrados nas zonas mais periféricas e socialmente críticas do país e como é justamente lá que o crime organizado impera de maneira mais direta, suas “políticas” para evitar acertos de contas (um eufemismo para assassinato), que exigem “autorização” das lideranças da facção dominante no local para matar alguém, podem ter colaborado para a redução da mortalidade como um todo.