Era só uma noite normal no último domingo (25) no Teatro Glauce Rocha, no Centro do Rio, onde era encenada a peça “Pasolini no deserto da alma”, um espetáculo que traz uma cena de nudez masculina, com o ator Léo San peladão em determinado momento, algo que, convenhamos, não é nada demais para uma atividade cultural do tipo, em pleno 2024.
Só que durante a apresentação uma cena incomum e inusitada ocorreu. Um homem de 60 anos, que estava acompanhado da esposa, teve um rompante de fúria ao ver o artista sem roupa no palco. Ele começou uma espécie de escândalo/discussão com a companheira, enquanto os atores fingiam que nada acontecia e seguiam com a atuação sob os holofotes. A planteia também não reagiu muito, sendo possível ouvir apenas um punhado de ‘psius’.
O homem saiu do local enfurecido e foi para o lado de fora da sala de teatro, nas proximidades da bilheteria. Embora ele berrasse enfurecido, exigindo a saída da mulher também, ela permaneceu como se nada estivesse ocorrendo e seguiu assistindo à peça.
Do lado de fora, disseram testemunhas ouvidas pela reportagem do diário carioca O Globo, o sujeito jurava que se a esposa não aparecesse em cinco minuto ali fora, seu casamento teria chegado ao fim.
“Se minha mulher não aparecer aqui agora para ir embora comigo deste teatro, meu casamento está acabado!”, teria gritado o cidadão, segundo a assistente de produção Jacqueline Gomes, que fazia a contabilidade dos ingressos vendidos na bilheteria no momento do chilique.
O espectador conservador, a partir daí, tentou entrar de volta na sala para retirar a mulher de lá, mas foi impedido por seguranças. A assistente de produção tentou ajudá-lo, dizendo que iria falar com sua companheira, de forma discreta, lá na plateia. Ela foi, mas a esposa se fez de surda e se recusou a sair. O curioso é que o homem dizia o tempo todo que o fato “não tinha a ver com a cena de nudez”.
“Fui pelo cantinho da escada, para tentar chamá-la. Todos os outros espectadores passaram a me olhar, menos ela... Aí voltei e falei para o homem que não podia fazer mais nada. O cara fez um escândalo! Tenho problema de hipertensão e precisei até tomar um remédio para não passar mal. Nunca vi, em pleno século 21, com nudez em tudo quanto é produção, um homem desses se espantar com uma cena assim, que não é gratuita”, relatou Jacqueline.
Depois de dizer que sairia para beber nas proximidades do Teatro Glauce Rocha, o homem retornou, presumivelmente por não ter encontrado estabelecimentos abertos num domingo à noite naquela localidade. Já mais calmo, ele jurou que era “uma pessoa cabeça aberta, de esquerda”, mas fez questão de dizer que a mulher era a “culpada”, já que “às vezes vê vídeos em que aparecem mulheres nuas e ela reclama, brigando comigo”.
Por fim, ele ainda questionou, segundo O Globo: “Agora ela vem e me traz para essa peça, vê se pode”.