RESPOSTA AO ATAQUE

"O sionismo é uma ideologia racista e colonial que não tem lugar no século XXI", diz jornalista judeu ameaçado de morte

Presidente do The Intercept Brasil, Andrew Fishman recebeu ameaças por suas críticas ao massacre de palestinos promovido pelo Estado de Israel; "O sionismo moderno não tem nada a ver com o judaísmo"

O jornalista Andrew Fishman.Créditos: Reprodução/Premio Roche
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Ameaçado de morte por supostos sionistas, Andrew Fishman, fundador e presidente do site The Intercept Brasil, afirma que não se intimida com os ataques. O jornalista recebeu as ameaças via e-mail na última quarta-feira (21) e divulgou um trecho da mensagem anônima através das redes sociais. 

O fato veio em meio aos ataques que o governo de Israel vem encampando ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o mandatário fazer uma declaração comparando o massacre de palestinos que as forças militares israelenses deflagram na Faixa de Gaza ao genocídio de judeus promovido pelo regime nazista de Adolf Hitler. 

Fishman, que é judeu, mantém posicionamento crítico às ações do governo de Israel contra palestinos e, nos últimos dias, tem saído em defesa da declaração feita por Lula que denunciou a gravidade da matança patrocinada por Tel Aviv. 

"Os inimigos do sionismo devem morrer e você é um deles", dizem os detratores no enunciado do e-mail recebido pelo jornalista. Os supostos sionistas anônimos, então, prosseguem: 

"Repetimos, SE VOCÊ RECEBEU ESTE E-MAIL ESTÁ ENTRE NOSSOS ALVOS, MESMO SE FOR JUDEU. ... Vamos erradicar a presença dos insetos palestinos, muçulmanos e cristãos de Gaza e de Judeia e Samaria e faremos a Grande Israel. Ninguém vai nos impedir, nem você". 

À reportagem da Fórum, Andrew Fishman classificou o sionismo como "uma ideologia racista e colonial que não tem lugar no século XXI" e explicou que trata-se de uma vertente do nacionalismo de direita, endossando a análise de Lula sobre o morticínio na Faixa de Gaza. 

"Com o atual genocídio em Gaza, mais pessoas no mundo estão acordando para essa realidade e vendo a ideologia cada vez mais odiosa que permeia a sociedade israelense. O sionismo moderno é apenas mais uma variante do nacionalismo de direita que causou tanta morte e destruição no mundo e não tem nada a ver com o judaísmo, nem representa o povo judeu como um todo", declara o fundador do Intercept Brasil. 

Segundo Fishman, os "sionistas estão ficando desesperados porque mais e mais jovens judeus estão demonstrando a coragem de se levantar e dizer com orgulho que não querem ter nada a ver com o apartheid e o roubo de terras, casas e vidas palestinas, apesar da forte pressão e distorções da ala direita de nossa comunidade", citando como exemplo de iniciativa da juventude a Articulação Judaica de Esquerda.

O jornalista assevera que não se intimida com as ameaças de morte e que não se deixa "distrair" pelos ataques. "Precisamos nos concentrar no que é mais urgente: um cessar-fogo imediato em Gaza, a criação de um Estado palestino e a responsabilização dos criminosos de guerra israelenses que estão matando mulheres e crianças inocentes", diz. "Toda a minha solidariedade a todos os palestinos do mundo inteiro que lutam por seu direito de viver em paz com dignidade", conclui. 

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