O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) concedeu uma entrevista na manhã desta terça-feira (3) ao programa de rádio Aesp no Ar. Durante a conversa, que durou pouco mais de 17 minutos, ele não foi perguntado e nem falou a respeito dos novos casos de violência policial que vieram à tona nos últimos dias. Mas cantou no final.
Perguntado sobre que balanço fazia a respeito do ano de 2024 para o estado de São Paulo, o governador considerou que foi "um ano extremamente positivo", citando entre suas realizações a privatização da Sabesp.
Mencionou áreas distintas como a saúde, planejamento de construção de hospitais, PPPs de escolas, obras, regularização fundiária, agronegócio, mas aquele que é tido politicamente como o carro-chefe da sua gestão, o setor de segurança pública, não foi mencionado por Tarcísio na resposta, lembrado apenas quando foi questionado sobre parcerias entre o governo do estado e a prefeitura de São Paulo.
No final, Tarcísio cantou "Boate Azul", canção sertaneja de autoria de Benedito Seviero e Aparecido Tomás de Oliveira e grava pelo trio Amantes do Luar em 1982. Tornou-se sucesso quando foi regravada pela dupla Joaquim e Manoel, em 1985, e também recebeu uma versão de outra dupla, Bruno e Marrone, em 2001.
Os comentários estavam desativados na transmissão realizada pelo Youtube. A entrevista fez parte da reinauguração da Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Aesp), que reinaugurou sua sede na capital paulista.
Violência policial e o "tô nem aí" do governador
Dois episódios de violência policial vieram a público nesta segunda-feira (2). Em um deles, um policial militar, com o auxílio de outros três agentes, arremessou um homem de uma ponte para um rio em Cidade Ademar, bairro da Zona Sul da capital paulista. A ação criminosa foi registrada em vídeo.
Em outro episódio, um policial militar à paisana executou, com tiros pelas costas, um jovem negro que havia furtado quatro pacotes de sabão em uma unidade da loja de conveniência Oxxo, no bairro Jardim Prudência, Zona Sul de São Paulo. O assassinato ocorreu em 3 de novembro, mas as imagens das câmeras de segurança que corroboram a denúncia da família, indicando que a vítima havia sido executada, só vieram à tona nesta segunda-feira.
O governador só se manifestou pelo X, ex-Twitter. "A Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas. Policial está na rua pra enfrentar o crime e pra fazer com que as pessoas se sintam seguras. Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda. Esses casos serão investigados e rigorosamente punidos. Além disso, outras providências serão tomadas em breve", postou.
A postagem do governador contrasta com uma declaração sua dada em março. À época, após a operação Verão, que deixou ao menos 56 pessoas mortas pela polícia entre fevereiro e março na Baixada Santista, o governador disse que as operações eram "baseadas em inteligência.
Questionado sobre denúncias de entidades à ONU sobre a violência da polícia paulista, Tarcísio ironizou. "Nossa intenção é proteger a sociedade. Nós estamos fazendo o que é correto, com muita determinação e profissionalismo, disse. "Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com relação ao que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta que eu não tô nem aí."