GOLPISTAS

Relatório da PF reforça que Exército agiu para impedir desmonte de acampamentos golpistas no DF

Documento aponta que os acampamentos serviram de refúgio e base de apoio para ações violentas

Créditos: Redes sociais
Escrito en BRASIL el

O relatório final da Polícia Federal sobre os atos de 8 de janeiro detalha que o Exército Brasileiro desempenhou um papel decisivo ao impedir ações de desmonte dos acampamentos golpistas localizados em frente ao quartel-general em Brasília. O documento destaca que esses acampamentos, mantidos sob proteção militar, foram utilizados como ponto de concentração, refúgio e base logística para as ações que culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.

Interferência militar no desmonte

De acordo com o relatório, a operação de retirada dos acampamentos, planejada para o dia 29 de dezembro de 2022, foi interrompida por ordens do Comando Militar do Planalto. Na página 29, o documento aponta que a permanência do acampamento "foi garantida pelo bloqueio de qualquer tentativa de desmobilização por parte do comando militar". Essa postura possibilitou que os manifestantes mantivessem "estruturas logísticas, como áreas para refeições e pontos de disseminação de informações".

O interventor federal Ricardo Capelli, que assumiu o controle da segurança pública do Distrito Federal após os atos, afirmou no relatório que as operações planejadas para desmobilizar o local foram "sistematicamente frustradas" devido à interferência do Exército. Ele destacou que as forças distritais chegaram a mobilizar efetivos para o local, mas as operações foram interrompidas antes de serem concluídas.

Refúgio para manifestantes após os atos

O documento detalha que, após os atos violentos do dia 8 de janeiro, muitos manifestantes retornaram ao acampamento no Setor Militar Urbano, que era policiado ostensivamente pela Polícia do Exército. Na página 34, o relatório afirma que "a volta dos manifestantes ao local impediu a realização de prisões imediatas", atrasando a repressão e dificultando a identificação dos responsáveis diretos pelos atos de vandalismo.

Além disso, na página 31, o relatório descreve que manifestantes deixaram o acampamento equipados com "rojões, gás de pimenta e outros instrumentos", indicando que o local também funcionava como ponto de armazenamento de itens utilizados durante os atos. Após a depredação, o acampamento foi usado como um refúgio para evitar ações repressivas imediatas.

Convocação e apoio logístico

As investigações também revelaram que redes sociais foram usadas amplamente para convocar pessoas e garantir apoio logístico ao acampamento. Na página 198, o relatório aponta que havia cerca de 3.800 manifestantes no local, com reforços organizados em caravanas chegando de diversas partes do país. "O acampamento tornou-se o ponto central de articulação para os atos de 8 de janeiro", diz o texto, que ainda menciona mensagens de apoio financeiro e logístico compartilhadas em grupos privados.

Resistência à ação policial

No dia dos atos, o general Gustavo Dutra, comandante militar do Planalto, barrou a entrada da Polícia Militar no acampamento. Na página 34, o relatório registra que Dutra afirmou temer um "banho de sangue" caso as forças de segurança avançassem para desmobilizar o local. Essa decisão atrasou as ações das forças policiais e permitiu que manifestantes continuassem utilizando o espaço como refúgio.

O relatório da Polícia Federal detalha, com base em registros e depoimentos, que o Exército Brasileiro impediu ações para desmobilizar os acampamentos golpistas em Brasília. Esses locais serviram como base de apoio e refúgio para os manifestantes envolvidos nos atos de 8 de janeiro, o que dificultou a repressão imediata e contribuiu para os danos às sedes dos Três Poderes.

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