Em anúncio feito nesta quinta-feira (26), a Prefeitura de São Paulo afirmou que a tarifa de ônibus será aumentada para R$ 5 a partir de 6 de janeiro, com reajuste também para trens e metrô, que passarão a custar R$ 5,20. A tarifa terá um aumento de 13,6%.
A Prefeitura diz que o novo valor está “abaixo da inflação acumulada” desde o último reajuste, em 2020. A administração municipal informou, por meio de nota, que se a tarifa acompanhasse a inflação, ela “subiria de R$ 4,40 para R$ 5,84”. Na campanha eleitoral desse ano, Nunes não citou reajustes para o próximo ano e havia dito que sua intenção era manter as tarifas congeladas.
"Quem é o único prefeito que manteve a tarifa [de ônibus] por 4 anos? Sou eu. A tarifa zero no domingo também fui eu quem implementou. Com isso, a gente aumentou em 20% a presença nos parques", declarou à Rádio Bandeirantes na época. "Sou sempre a favor de manter a tarifa, o valor da tarifa é política pública de mobilidade e, por isso, mantenho a tarifa congelada. Eu não pretendo aumentar, não existe essa pretensão”, disse Nunes em discurso proferido em julho deste ano.
Conselheiros e representantes da sociedade civil se mostraram contrários ao aumento na reunião do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT). Eles questionam a SPTrans em diversos pontos, como a qualidade do transporte, a quantidade de ônibus em circulação e os dados de arrecadação de tarifa, principalmente devido à investigação do MP sobre uma fraude no sistema do bilhete único.
Os vereadores eleitos este ano Amanda Paschoal (PSOL) e Nabil Bonduki (PT) entraram com uma ação contra o aumento da passagem. Eles questionaram na Justiça a legalidade da reunião do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito, que discutiu a proposta de reajuste da tarifa.
Os vereadores argumentam que o conselho desrespeitou uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que em 2019 determinou que toda proposta de aumento da tarifa de ônibus deveria ser apresentada ao conselho. Para os vereadores, o que foi apresentado não foi uma proposta definitiva, mas “possibilidades de valores”.
Maior aumento em 10 anos
O reajuste de 13,64% na tarifa de ônibus em São Paulo representa o maior aumento dos últimos 10 anos. Desde o reajuste de 16,67% feito por Fernando Haddad (PT) em 2015, que subiu a tarifa de R$ 3 para R$ 3,50, nenhum outro prefeito tinha implementado um aumento maior.
Assim como agora, a tarifa estava congelada há quatro anos quando Haddad fez o aumento. Em 2013, ele tentou reajustar o valor da passagem, mas desistiu após as manifestações de junho, que culminaram nos protestos contra a então presidenta Dilma Rousseff.
As manifestações alcançaram a abertura da Copa das Confederações, realizada em Brasília. Extinto atualmente, o evento servia como uma espécie de teste para países que sediariam a Copa do Mundo, como o Brasil em 2014. O torneio começou com um confronto entre a seleção brasileira e o Japão, no estádio Mané Garrincha. Durante a cerimônia de abertura da Copa das Confederações, Dilma foi recebida com vaias no estádio devido à tentativa de associá-la ao aumento das tarifas. Esse episódio foi explorado por deputados do centrão e da direita, que buscaram se aproveitar da situação para iniciar o processo de impeachment contra a presidenta, dando início a um golpe parlamentar.
Ontem, o governo Nunes ainda argumentou que São Paulo "dispõe da tarifa mais acessível entre as cidades da Região Metropolitana de São Paulo e uma das mais baratas do Brasil, levando em conta ainda que o preço de uma tarifa permite ao passageiro utilizar até quatro ônibus com o Bilhete Único".
A tarifa não teve alterações desde janeiro de 2020, quando houve um aumento na gestão de Bruno Covas (PSDB). Em uma reunião no CMTT, a SPTrans explicou que o reajuste foi “necessário” devido ao aumento dos custos do sistema.
Tarcísio seguiu a linha de Nunes e anunciou o aumento para todo o estado. Essa também será a segunda vez que o transporte público tem um aumento sob a gestão do republicano. A passagem, que já havia sido aumentada de R$ 4,40 para R$ 5 em dezembro do ano passado, agora sofre um reajuste de 4%, resultando em um aumento acumulado de 18% no transporte público estadual desde o final de 2023.
De acordo com o governo estadual, o reajuste busca garantir a “sustentabilidade financeira” e a “qualidade dos serviços à população”, e foi uma decisão tomada após o aumento das despesas operacionais, como custos com manutenção, infraestrutura e pessoal.