A Polícia Rodoviária Federal (PRF) determinou o afastamento preventivo dos agentes envolvidos na abordagem que resultou em um disparo contra Juliana Leite Rangel, de 26 anos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A jovem foi baleada na cabeça no dia 24 de dezembro, quando estava a caminho de um a ceia de Natal com a família, e segue internada em estado gravíssimo.
De acordo com nota oficial divulgada pela PRF nesta quarta-feira (25), a Corregedoria-Geral do órgão em Brasília abriu um procedimento interno para apurar as circunstâncias do ocorrido. Além disso, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos está prestando apoio à família da vítima.
“A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana. Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso”, declarou a instituição.
A Polícia Federal (PF), responsável por investigar ocorrências envolvendo órgãos e servidores federais, já instaurou um inquérito para apurar os fatos. Em nota, a PF informou que realizou perícia no local, ouviu os policiais e as vítimas e apreendeu as armas dos agentes para análise técnica.
“A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos relacionados à ocorrência registrada na noite desta terça-feira (24/12), no Rio de Janeiro, envolvendo policiais rodoviários federais. Após ser acionada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma equipe da Polícia Federal esteve no local para realizar as medidas iniciais, que incluíram a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”, diz o comunicado.
Juliana foi baleada durante a abordagem na rodovia Washington Luís (BR-040) e levada pela PRF ao Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. Segundo a unidade de saúde, ela passou por uma cirurgia de emergência e segue internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI), intubada, com quadro de saúde considerado gravíssimo.
O pai de Juliana, Alexandre da Silva Rangel, de 53 anos, também foi atingido durante a ocorrência. Ele foi ferido na mão e levado ao mesmo hospital pela concessionária responsável pela rodovia. Após avaliação médica, recebeu alta ainda na noite do incidente, apresentando apenas um pequeno corte.
Lewandowski: "A polícia não pode combater a criminalidade cometendo crimes"
Após Juliana Leite Rangel, de 26 anos, ter sido baleada com um tiro de fuzil na cabeça em uma ação da Polícia Rodoviária Federal na rodovia Washington Luís (BR-040), nesta terça (24), o ministro da Justiça Ricardo Lewandowski falou sobre o caso.
"A polícia não pode combater a criminalidade cometendo crimes. As polícias federais precisam dar o exemplo às demais polícias. O lamentável incidente ocorrido nesta terça-feira (24), no Rio de Janeiro, demonstra a importância de uma normativa federal que padronize o uso da força pelas polícias em todo o país", disse ele, em nota enviada ao portal Uol.
O ministro fez referência ao decreto que regulamenta o uso da força policial em todo o país assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicado nesta terça. O texto reúne um conjunto de regras de conduta para os profissionais de segurança pública, normatizando o uso da força e o emprego de armas de fogo pelas polícias federais e servindo como orientação para as demais forças policiais.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) disse que os dois homens e a mulher que participaram da abordagem ao carro da família “foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais”. Os dois fuzis e a pistola usados pelos agentes foram apreendidos pela Polícia Federal, encarregada das investigações.
Juliana e sua família viajavam para Itaipu, em Niterói (RJ), onde passariam o Natal, quando o veículo foi alvo de disparos na rodovia, na altura de Duque de Caxias. Alexandre de Silva Rangel, de 53 anos, pai da jovem e condutor do carro, afirmou que, ao perceber a aproximação do veículo policial e ouvir a sirene, acionou a seta para encostar, mas os tiros começaram logo em seguida.