A campanha de Ricardo Nunes (MDB) ligou o modo desespero às vésperas do primeiro turno das eleições em São Paulo e decidiu rifar de vez Jair Bolsonaro (PL), desconfiada de que o ex-presidente esteja atuando nos bastidores para a migração vertiginosa de aliados rumo a Pablo Marçal (PRTB), que cresce nas trackings, as pesquisas internas diárias feitas pelas coligações.
Em pânico diante de uma prometida ofensiva digital do ex-coach, que vai turbinar as redes sociais a partir da noite desta quinta-feira (4), quando se encerra a propaganda oficial na mídia tradicional, Nunes tem colado cada dia mais sua imagem a do governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que foi tragado para a guerra instaurada no centro do bolsonarismo.
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Após cumprir expediente no Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio acompanhou Nunes duas agendas noturnas, em um encontro com profissionais de saúde no Teatro Liberdade e no “3º Congresso Unidas pela Graça”, em Santo Amaro, na zona sul, onde o atual prefeito tenta reverter o crescimento do ex-coach no eleitorado evangélico.
Nas redes, Nunes também tem turbinado vídeos e fotos ao lado do governador, mas o principal temor é nas últimas 72 horas antes da votação.
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A partir de sexta-feira (5), Nunes não contará mais com a propaganda no rádio e TV, principal meio que fez com que ele se mantivesse na disputa. A campanha ainda tenta se antecipar à artilharia de Marçal, mas sem saber as cartas que o ex-coach tem na manga.
De outro lado, Marçal tem arregimentado uma série de bolsonaristas radicais, como Nikolas Ferreira (PL-MG) que entrou em rota de colisão com Silas Malafaia - que havia sido escalado por Bolsonaro no 7 de Setembro para abater o ex-coach, mas foi abandonado no meio do caminho após o ex-presidente hastear bandeira branca e abandonar Nunes.
Marçal ainda conta com Ricardo Salles (Novo-SP), que tem atuado em uma batalha para cooptar quadros dentro do governo Tarcísio, como o "tenente" Nelson Sandini, irmão de Vicente Santini, ex-assessor de Bolsonaro que agora atua próximo ao governador paulista.
Bolsonaristas que estão em cima do muro têm cada vez mais se rendido à tese dos marçalistas, de que o ex-coach vem em uma ascendente nas pesquisas e que o segundo turno, contra Guilherme Boulos (PSOL), será uma nova eleição, ainda mais nacionalizada e polarizada entre Bolsonaro e Lula.
O argumento tem convencido mais do que a narrativa de Tarcísio e Nunes, que pregam voto útil alegando que somente o medebista tem condições de vencer Boulos no segundo turno, como mostram todas as pesquisas até agora.