CPI DO PADRE JULIO

Padre Julio dá resposta certeira à convocação da CPI com um ato falho melhor ainda

Convocação política com resposta psicanalítica

Créditos: Imagem Cris Vector
Escrito en BRASIL el

Todo ano eleitoral é assim: candidatos tentam lacrar com temas políticos para gerarem visibilidade e contato com seus possíveis eleitores. Este ano é ano de eleição para prefeitos e vereadores nos 5568 municípios brasileiros, e não está sendo diferente.

Em busca de falar a seus eleitores, um vereador da extrema-direita começou o ano propondo nada menos que uma CPI sem objeto definido — o que é ilegal — e tentou lacrar dizendo que a CPI iria "investigar as atividades" d o padre Júlio Lancelloti.

Não vamos citar o nome do vereador, porque é isto o que ele quer: falar ao eleitor que vê na ação fraterna e cristã do padre Júlio motivo de crítica.

Melhor citar o padre, que emitiu uma nota certeira sobre a CPI e a absurda investigação sobre ele, criticando-a, mostrando o porquê, e coroando tudo com um ato falho mais certeiro ainda: em vez de escrever a palavra "objeto', para dizer que a CPI não tem um, escreveu "abjeto" acertando na mosca a qualificação de alguém que quer mal a um padre que só faz o bem.

Eis a nota do padre Júlio na íntegra e sua transcrição abaixo, com o ato falho destacado:

A instalação de CPIs é uma prerrogativa do poder legislativo, sendo legítimas em suas atribuições. As CPIs devem ter um objetivo delimitado em sua criação, sendo que neste caso, pelo que se tem notícias, o abjeto que trouxe base para criação desta CPI seria a investigação/fiscalização das "Organizações Não Governamentais (ONGS) que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a Cracolândia", ou seja, seria a fiscalização do cumprimento de convênios estabelecidos entre o Poder Público e as organizações conveniadas. 

Esclareço que não pertenço a nenhuma Organização da Sociedade Civil ou Organização Não Governamental que utilize de convênio com o Poder Público Municipal. A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que por sua vez, não se encontra vinculada de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão. 

Fraternalmente,
Padre Júlio Lancellotti

Para Lacan, "todo ato falho é um discurso bem sucedido". Neste caso, acertou em cheio.

 

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