CERCO

Sob pressão. A vida de quem sabe que a qualquer momento pode ser preso

Como vivem pessoas com a polícia nos calcanhares

Créditos: Divulgação / Polícia Federal
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Esta manhã a família do ex-presidente Bolsonaro recebeu visita da Polícia Federal, em consequência de outra operação anterior, que visou o diretor da Abin de Bolsonaro (nos sentidos amplo e restrito), deputado Alexandre Ramagem.

As buscas eram direcionadas a Carlos Bolsonaro, mas acabaram encontrando todos quase em casa. Quase, porque haviam partido antes do sol nascer para uma pescaria conveniente no mar de Angra.

Voltaram já sabendo do teor da busca e tendo lançado ao mar preocupações e possíveis problemas.

Mas essa matéria é genérica, não trata da família Bolsonaro especificamente, mas de pessoas que não aguentaram a barra de viver com a polícia em seu encalço, a iminência da prisão, e resolveram se entregar.

Outros não agem assim. Cansados, resolvem partir para o confronto, o tudo ou nada, como o antigo assassino do Escritório do Crime e condecorado pela família Bolsonaro, Adriano da Nóbrega. 

Sabendo que era perseguido por uma parte da polícia que queria prendê-lo e por outra que queria matá-lo como queima de arquivo para que não denunciasse ninguém, Adriano resolveu enfrentar a situação à bala e foi executado na Bahia.

Recentemente, no Rio de Janeiro, o mais famoso miliciano da ocasião, Zinho, resolveu se entregar, após o cerco sobre ele se fechar com as novas diretrizes da Polícia Federal, em parceria com a Polícia Civil do Rio.

Antes tendo de se preocupar apenas com traficantes ou milicianos de outras áreas, Zinho sentiu a polícia nos seus calcanhares e não aguentou a pressão. Preferiu se entregar e preservar sua vida na cadeia, à espera de dias melhores.

Mas, não são apenas big criminosos os que sentem essa paúra vinda da pressão constante. Em Lucas do Rio Verde, a 360 quilômetros de Cuiabá, um jovem que havia fugido da cadeia pública do município resolveu se entregar.

 

Conforme a Polícia Civil, o jovem disse que se apresentou por estar cansado de fugir da polícia e também seguiu orientação dos familiares para que pagasse pelo crime que cometeu. "Ele disse que não aguentava mais fugir e que estava cansado, por isso, achou melhor se entregar", disse o delegado Marcelo Torahcs. Segundo ele, o rapaz foi à delegacia acompanhado dos familiares.

 

Pelo menos ele ouviu o conselho dos familiares. 

Mas, e quando os familiares estão envolvidos, as acusações pegam a família toda, o capo, as mulheres (atual e anteriores) e os filhos?

A pressão não deve ser fácil. Mesmo com amigos que avisam, que dão sinais, a pressão é constante. E contínua. E difusa. São tantos os crimes e em tantas áreas, que a vida é viver num campo minado.

A cada dia sua agonia.

Fora saber que boa parte da sociedade não vê a hora dessa prisão, que causará uma explosão de fogos e alegria no país.

Devem ser dias de sofrimento, mesmo para gente que já chegou a zombar da morte — dos outros, naturalmente. 

Nada comparado ao mal que causaram.