Durante o mês de agosto a Operação Resgate 3, levada à cabo pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com apoio da Polícia Federal e de mais quatro instituições, resgatou 532 trabalhadores que viviam em condições análogas à escravidão em 22 estados e no Distrito Federal. É a maior operação de resgate da história do Brasil. Não pelo número de resgatados, uma vez que em 2007 o dobro de pessoas foram encontradas em uma única fazenda, mas pela sua abrangência nacional e multiplicidade de situações abodadas.
Minas Gerais foi o estado com o maior número de ocorrências: 204 no total, seguido por Goiás (126) e São Paulo (124). As atividades com o maior número de resgatados foram os cultivos de café (98) e alho (97), mas também foram encontrados prestadores de serviços em estabelecimentos como restaurantes e trabalhadores domésticos.
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No caso do cultivo de alho, os 97 trabalhadores que entraram na estatística foram resgatados da mesma colheita, em Rio Paranaiba (MG). Entre eles havia 6 adolescentes, dos quais uma estava grávida. Não havia banheiros no local, aquecimento ou alimentação, e os trabalhadores tampouco tinham carteira assinada.
Uma idosa de 90 anos que trabalhava como empregada doméstica em casa de família no bairro do Grajaú, na zona norte do Rio de Janeiro, foi a pessoa resgatada com a idade mais avançada. Ela trabalhava a mais de 50 anos para a mesma família sem qualquer vínculo empregatício.
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Ela era cuidadora de uma idosa de mais de 100 anos, mãe da antiga empregadora, e há 16 anos também vinha atuando como empregada doméstica. Era obrigada a dormir em um sofá na sala e autorizada a usar um pequeno banheiro do lado de fora da casa. Não voltava para a própria casa desde dezembro de 2022.
Os empregadores da idosa assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho que prevê o pagamento de R$ 30 mil para a trabalhadora, a fim de regularizar a situação.
A operação também flagrou 26 casos de trabalho infantil, 6 dos quais em condições análogas à escravidão.
Números
A Operação Resgate 3 não é considerada a maior da história contra o trabalho análogo à escravidão em referência ao número de resgatados. Em 2007 foi resgatado o dobro de pessoas (1064) em uma única fazenda de cana de açúcar em Ulianópolis, no Pará. No entanto, essa a presente operação foi considerada a maior de todas pela sua abrangência e estrutura envolvida. Confira alguns dos números da megaoperação.
- 6 instituições públicas envolvidas. São elas o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Defensoria Pública da União (DPU);
- 222 ações de fiscalização;
- Mais de 70 equipes envolvidas;
- 131 municípios alcançados;
- 22 estados; 23 unidades da Federação, contando o Distrito Federal;
- 532 pessoas resgatadas;
- 441 homens;
- 91 mulheres;
- 6 crianças e adolescentes;
- 10 trabalhadores domésticas;
- 74 vítimas de tráfico humano;
- 90 anos tinha a trabalhadora mais idosa.
Número de resgatados por estado
- Minas Gerais (204)
- Goiás (126)
- São Paulo (54)
- Piauí (42)
- Maranhã (42)
- Bahia (11)
- Rio de Janeiro (9)
- Paraná (8)
- Rio Grande do Sul, Tocantins e Acre (7)
- Mato Grosso (6)
- Rondônica (5)
- Pernambuco e Espírito Santo (2)
Atividades com maior número de resgatados
- Cultivo de café (98)
- Cultivo de alho (97)
- Cultivo de cebola (84)
- Extração de produtos não madeireiros em florestas (54)
- Produção de ovos (23)
- Produção de cerâmica (22)
- Fabricação de álcool (20)
- Prestação de serviços a restaurantes, produção de carvão e cultivo de laranja (17)
- Criação de bovinos (15)
- Confecção de roupas (13)
- Domésticos (10)