Adorador de Jair Bolsonaro (PL), o "padre armamentista" Edivaldo Ferreira, vinculado à Igreja Católica Brasileira (ICB) - uma dissidência da Igreja Católica Apostólica Romana -, divugou nota confusa pelas redes sociais em que nega ser a favor do "direito de matar", mas que defende a "legítima defesa". E que isso justificaria o armamento da população.
"Venho através desta rede social me manifestar publicamente contra diversas matérias tendenciosas que querem fazer acreditar que eu, enquanto padre seria defensor do direito de matar. O direito a legitima defesa pode ser justificado a partir de uma compreensão adequada dos princípios cristãos, da ética e do contexto bíblico", afirmou em sua página no Instagram.
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Em seguida, o "padre" bolsonarista cita que a "Igreja Católica, por exemplo, considera legítima defesa a proteção proporcional da própria vida ou da vida de outrém em caso de perigo iminente e inevitável".
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"Isso significa que, em situações extremas em que a vida está ameaçada, é permitido utilizar meios necessários e razoáveis para se proteger ou proteger outras pessoas", emenda.
Antes, porém, Ferreira afirma que "em primeiro lugar, a doutrina cristã é baseada no amor e na busca pela paz" e que "Jesus Cristo, que é considerado o modelo supremo de conduta moral para os cristãos, pregou a não-violência e a valorização da vida". "Ele ensinou seus seguidores a amar o próximo como a si mesmo e a não retribuir o mal com o mal", argumenta, em contradição latente com os argumentos pelos quais defende o armamento da população.
Ferreira ainda afirma que "a legítima defesa é aceita em casos extremos, mas sempre dentro dos limites da proporcionalidade e da necessidade", sem especificar quais seriam esses limites.
Enquanto isso, o "padre" segue pregando ódio e incitando seguidores contra Lula, a "petezada" e até mesmo o Papa Francisco no Instagram com argumentos contra o que considera "socialismo" - veja publicações ao final da reportagem.
"Ritos ilícitos"
A Diocese de Joinville (SC) divulgou uma nota oficial, nesta terça-feira (8), em que informa que o "padre" Edivaldo Ferreira dos Reis, que encampa discurso de extrema direita, se diz armamentista e que incentiva mortes, não faz parte do bispado da região e que sequer foi ordenado pela Igreja Católica Apostólica Romana.
A Diocese orienta, ainda, os fiéis católicos a não comparecerem a cerimônias conduzidas por Edivaldo Ferreira dos Reis, que segundo a entidade seriam "ilícitas" à Igreja Católica.
"É importante destacar também que todos os ritos e cerimônias religiosas realizadas por esta Igreja são ilícitos para os fiéis católicos. Assim sendo, recomenda-se vivamente aos fiéis que não frequentem os edifícios onde eles se reúnem e nem participem de qualquer celebração promovida por esses grupos. Do mesmo modo, os fiéis católicos devem se atentar às orientações pastorais que são próprias da Igreja Católica Apostólica Romana", pontua.
Bolsonarista
Edivaldo Ferreira incorpora todas as ideias da extrema-direita e faz das redes sociais uma espécie de altar para adoração de Bolsonaro, das armas, enquanto prega ódio contra Lula e posa praticando o chamado tiro esportivo.
O "padre armamentista", como se define nas redes, defende o direito de matar citando uma passagem do velho testamento - e ignorando todo o ensinamento de Jesus Cristo -, do livro do Êxodo: "Se o ladrão que for pego arrombando for ferido e morrer, quem o feriu não será culpado de homicídio", diz o antigo texto bíblico.
Em meio aos ataques a Lula, o "padre armamentista" também responde de forma surreal aos seguidores inconformados: "eu pensei que fosse pecado matar".
"Pensei que a base do cristianismo de Jesus é não revidar a violência sofrida, é oferecer a outra face", diz um seguidor, que emenda "relativizar assassinato não é sentimento cristão".
Em resposta, destaca nos stories, o padre diz que "Jesus era pacífico, mas jamais foi pacifista", citando o trecho bíblico em que Jesus expulsa os vendilhões do templo. "Ao dizer que não devemos resistir ao perverso, mas dar a outra face àquele que nos golpear o rosto, Jesus não estava exigindo que ficássemos expostos a agressões criminosas ou que aceitássemos violência gratuita", emenda o padre, fazendo a própria intervenção para defender a política da violência e das armas.