PARECE FICÇÃO

A incrível história da mulher que descobriu ter uma irmã gêmea em um ponto de ônibus

O caso insólito, cheio de mistérios e com um encontro improvável aconteceu em Niterói, no Rio de Janeiro

Suely e Vera.Créditos: Arquivo Pessoal
Escrito en BRASIL el

O município de Niterói, no Rio de Janeiro, foi cenário de uma dessas histórias que caberiam mais em filmes ou novelas. Porém, aconteceu na vida real, envolvendo Suely Rosendo Pereira e Vera Lúcia Garcia Cruz, ambas com 72 anos de idade.

O caso é marcado por mistérios e reviravoltas. As duas são gêmeas, mas só descobriram a existência uma da outra na adolescência, quando, casualmente, se encontraram em um ponto de ônibus no centro da cidade.

Na época, Suely tinha 16 anos e estava em uma das avenidas mais movimentadas de Niterói. Em um determinado momento, ela foi surpreendida pelo abraço de uma mulher desconhecida.

“Eu estava no ponto de ônibus esperando minha prima sair do serviço. Chegou uma senhora, que me abraçou e me beijou. Depois, chegou uma menina que era igualzinha a mim. Ela olhou para mim e saiu correndo. A mãe dela gritou: ‘Verinha, venha cá’’’, declarou Suely, em entrevista ao UOL.

A menina assustada com o encontro era Vera Lúcia Garcia Cruz e a mulher que abraçou Suely era a mãe adotiva de Vera, Hilda Garcia.

Até aquele momento, as adolescentes não tinham conhecimento de que haviam sido separadas na maternidade e adotadas por famílias diferentes. Foi a partir daí que Suely descobriu que não era filha biológica.

“Eu não sabia que era adotada, nem ela [irmã gêmea]. Foi um choque”, afirmou.

Durante o encontro, Hilda indagou a Suely sobre sua mãe adotiva, Antonieta Rosendo. Suely, por sua vez, estranhou a aproximação, pois ainda não conhecia a mulher nem a jovem que se assemelhava tanto a ela.

Depois do que aconteceu, no mesmo dia, coincidentemente, uma amiga de Hilda passou na rua por Suely e a chamou de Vera.

“Essa moça me chamou de Vera. Ela segurou no meu braço e disse: ‘Ô, Verinha. Eu vou contar para a dona Hilda que você saiu’. Foi muita coincidência. Eu mostrei a minha carteira de trabalho para ela ver o meu nome e ela acreditou que eu não era Vera”, relembrou Suely.

Então, a amiga de Hilda se dirigiu à casa dela para contar o que havia ocorrido. Dessa forma, a mãe adotiva de Vera decidiu ir até a residência da irmã gêmea da filha adotiva e revelar a história sobre a adoção.

“Quando cheguei em casa, aquela senhora [Hilda] já estava lá. A senhora que me abraçou e cuja filha saiu correndo. Minha mãe estava quieta. Dona Hilda falou: ‘Senta aqui, Suely, quero falar com você’. Então, ela começou a falar a verdade e chorei muito”, destacou Suely.

A separação das gêmeas

Suely e Vera nasceram no dia 4 de janeiro de 1951, em uma maternidade que não existe mais. Elas descobriram depois que o objetivo da mãe adotiva de Vera era acolher as duas irmãs, mas Suely precisou permanecer no hospital por mais alguns dias. Quando Hilda retornou à instituição, outra família já havia adotado a irmã de Vera.

“Quando eu tinha 7 anos, um rapaz me fez uma visita e perguntou à minha mãe se eu era a pessoa que ela pegou para criar. Ela disfarçou. Eu pegava a minha certidão e lá dizia que eu era filha legítima dela”, lembrou Suely.

Depois de se conhecerem, as gêmeas se tornaram muito amigas. Ambas tiveram filhos e netos e continuam residindo em Niterói. Suely hoje lamenta que a irmã tenha sido diagnosticada com Alzheimer e, por isso, não a reconhece mais.

“Há 13 anos, ela descobriu a doença. Mas, só depois da pandemia, ela começou a esquecer mais das coisas. Eu chorei muito quando ela não me reconheceu”, contou.

Suely relatou, também, que foi criada com muito carinho pela família adotiva. Apesar de ter procurado seus pais biológicos, não conseguiu encontrá-los. Porém, segue com esperanças de um dia entender toda sua história.

"Quando minha mãe (adotiva) estava viva, eu nunca procurei, para não magoá-la. Depois que minha mãe faleceu, eu procurei saber sobre minha mãe biológica. Há mais de dez anos eu procuro", disse.

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