As cenas de truculência do deputado tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS) nas sessões da CPI do MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) chamaram a atenção do Ministério Público Federal (MPF). O bolsonarista de carteirinha foi enquadrado pelo órgão após cortar de modo afrontoso o microfone da deputada federal Sâmia Bomfim (Psol).
O MPF considera que houve violência política de gênero contra a parlamentar durante sessão, e acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR). A denúncia cita o episódio em que a parlamentar teve o microfone desligado durante sua fala pelo presidente da comissão na abertura dos trabalhos na última semana.
Veja o momento em que o deputado Zucco retira a palavra de Sâmia, logo depois de a deputada ter apontado suposta participação do parlamentar na arruaça golpista de 8 de janeiro.
Na manifestação do MPF, a procuradora Raquel Branquinho, coordenadora do grupo de trabalho sobre violência política de gênero, afirmou que os fatos noticiados sobre a conduta de Zucco na comissão se enquadram como crime pelo Código Eleitoral. A legislação prevê pena de reclusão de um a quatro anos para quem constranger e humilhar parlamentar ou candidata por ser mulher como o objetivo de "impedir ou dificultar a sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo".
A procuradora pede ainda que a PGR instaure investigação para apurar o caso mediante a oitiva da vítima, a deputada Sâmia Bomfim. Ela também pede o depoimento das testemunhas presentes na ocasião, a preservação de vídeos e a gravação do local onde ocorreram os fatos, entre outras medidas.
TRUCULÊNCIA SE REPETE
Nesta terça-feira (30), o relator da CPI do MST, deputado Ricardo Salles (PL-SP), do "ir passando a boiada", repetiu a cena de truculência. O ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro cortou o microfone da deputada federal Sâmia Bomfim quando ela dizia que os barracos onde integrantes do movimento social residiam foram invadidos, e que a polícia abusou da autoridade. Confira:
ZUCCO INVESTIGA, MAS É INVESTIGADO
Presidente da CPI do MST, o tenente Coronel Zucco é investigado pela PF por ordem do STF sob a suspeita de ter estimulado atos golpistas. Próximo ao ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão, Zucco se notabilizou por propor, durante a pandemia, a liberação “de atividades de dança, bem como as aulas de música no formato individual”.
Matéria publicada pelo Brasil de Fato também revela que o deputado federal recebeu R$ 60 mil de Celso Rigo, proprietário da marca de arroz Prato Fino, para financiamento de campanha em 2022. Um dos principais sócios de Rigo, José Renan Toniazzo, é dono de área que já foi ocupada ao menos 3 vezes pelo movimento.