DIA DO GEÓGRAFO

Veja um pouco da história de quatro grandes geógrafos brasileiros

Nomes como Milton Santos e Bertha Becker marcaram para sempre a Geografia brasileira; confira o que eles e muitos outros fizeram para essa área do conhecimento

Milton Santos, geógrafo e professor da FFLCH, em 1994.Créditos: Jorge Maruta/USP Imagens
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Palavra de origem latina, geografia significa literalmente a ciência de "descrever a terra". Como área do conhecimento, ela se ocupa de observar e compreender todos os aspectos da superfície do planeta Terra. Dividida em geografia humana e geografia física, essa ciência está sempre atenta aos fenômenos naturais e humanos que impactam o planeta, funcionando como uma espécie de elo entre esses dois fatores

No Brasil, a Geografia tem sido uma área importante no apontamento de caminhos para resolução de problemas sociais complexos como a desigualdade urbana e a preservação do meio ambiente. Nesta segunda-feira (29) é comemorado o Dia do Geógrafo. A data foi escolhida em razão da criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fundado em 29 de maio de 1936. Em homenagem aos profissionais da área, veja quatro nomes que mudaram a Geografia brasileira. 

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Aziz Nacib Ab'Saber (1924-2012)

Referência nos estudos do impacto humano no meio ambiente, sua contribuição não se limita à geografia. Entre os prêmios que recebeu estão a Grã-Cruz em Ciências da Terra pela Ordem Nacional do Mérito Científico, Prêmio Internacional de Ecologia de 1998 e Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente. Entre seus livros, destacam-se: "Os Domínios de Natureza no Brasil: Potencialidades Paisagísticas", "Brasil: Paisagens de Exceção – O Litoral e o Pantanal Mato-grossense: Patrimônios Básicos" e "Geomorfologia do sítio urbano de São Paulo". Foi professor emérito da Faculdade de Filosofia Letras e Ciência Humanas (FFLCH) da USP.

Bertha Becker (1930-2013)

Pioneira em uma área dominada por homens, Bertha Becker está entre os maiores nomes de estudiosos do principal patrimônio natural brasileiro: a Amazônia. Becker fez parte da Academia Brasileira de Ciências e colaborou com Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das instituições de ensino mais respeitadas no mundo. Recebeu a alcunha de "Cientista da Amazônia" pelo seu importante estudo geopolítico do bioma brasileiro. Foi professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e recebeu o título de doutora honoris causa pela Universidade de Lyon III, na França, em 2005. 

Josué de Castro (1908-1973)

Josué de Castro não era formado em Geografia, mas seus estudos sobre a fome no Brasil deram uma contribuição ímpar ao conhecimento geográfico brasileiro. Médico por formação, destacou-se também na luta política do combate à fome, para além das trincheiras da produção de conhecimento acadêmico. Autor de livros como "Geografia da fome" e "Geopolítica da fome", foi presidente do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e embaixador do Brasil na ONU. Após o Golpe de 64, teve seus direitos políticos cassados e foi exilado na França, onde faleceu em 1973. 

Milton Santos (1926-2001)

Se fosse possível escolher um nome para liderar a lista de grandes geógrafos brasileiros, Milton Santos seria uma forte concorrente. Ele é até hoje o único brasileiro laureado com o prêmio Vautrin Lud, uma espécie de Nobel da geografia mundial. Desenvolveu pesquisas sobre a urbanização no então denominado "terceiro mundo" e sobre o processo de globalização. Com uma visão crítica do sistema econômico capitalista, desenvolveu pesquisas que auxiliaram os trabalhos de organizações internacionais como  Organização Internacional do Trabalho, a Organização dos Estados Americanos e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).