VITÓRIA

A incrível história do estudante quase cego que narrou um jogo de futebol

Pedro Paulo Lemes, de 19 anos, aluno de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás, definiu a experiência: “Foi uma realização”

Pedro Paulo Lemes.Créditos: Reprodução
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O estudante Pedro Paulo Lemes, de 19 anos, viveu uma experiência “incrível”, como ele mesmo definiu, na noite desta quarta-feira (24). Quase cego, ele conseguiu narrar o jogo de futebol entre Vila Nova (GO) e Ituano (SP), válido pelo Campeonato Brasileiro da Série B.

Pedro é aluno do 3º período de Jornalismo, na Universidade Federal de Goiás (UFG), e participa do programa “Doutores da Bola”, na Rádio Universitária.

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Ele relatou que já tinha tido outras experiências em estúdio. Porém, essa foi a primeira vez ao vivo, no Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga (OBA), em Goiânia (GO).

“Eu tive a oportunidade e foi diferente. Essa experiência foi muito legal, pois eu nunca tinha feito e foi uma dinâmica diferente, foi massa”, afirmou Pedro, em entrevista ao G1.

Pedro contou, ainda, que foram necessárias algumas adaptações para que ele conseguisse se comunicar com os outros alunos, que eram comentaristas, e, com isso, poder narrar a partida.

O jovem tem glaucoma congênito, uma condição rara dos olhos, e já se submeteu a mais de 40 cirurgias. Até 2015, ele conseguia enxergar bem pelo olho direito. Porém, ao longo doa anos foi perdendo a visão, condição que não teve muitas explicações dos médicos.

“Hoje em dia eu devo ter menos de 5% da visão, talvez uns 2, ou 3. Enxergo luzes e sombras. Dependendo da situação, eu consigo identificar cores também, mas bem pouco”, explicou.

Por isso, ele teve de se adaptar a um formato diferente para narrar a partida e realizar seu sonho.

“Como o estádio estava muito cheio, não dava para ouvir direito o que estava acontecendo no campo, pois os comentaristas, geralmente, se comunicam muito por sinal, como para pedir a palavra quando acontece alguma coisa, ou quando tem algum problema técnico. No meu caso, eles precisavam ter uma comunicação comigo pelo celular através de mensagem de áudio e o retorno [do que acontecia em campo] ser mais alto, para que eu conseguisse identificar”, relatou ao site O Popular.

Narrador e comentaristas em ação - Arquivo Pessoal/Ricardo Pavan

Pedro define o feito como superação de preconceitos que ele já vivenciou nos estádios. “Foi uma realização ter essa oportunidade e poder estar ali narrando a partida. Quando acabou e eu entreguei o trabalho, foi incrível”, ressaltou, destacando que ainda narrou o gol da vitória do Vila Nova por 1 a 0.

Pedro já havia atuado como âncora e comentarista

Ricardo Pavan, professor responsável pelo programa, explicou que a característica principal da Rádio Universitária é abrir espaço para todos os alunos da graduação.

“A narração era um fato novo para o Pedro. Ele foi rápido, conseguiu acompanhar e fazer toda a narração quase em tempo real”, festejou. O estudante já havia atuado como âncora e comentarista.