A Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu o inquérito do assassinato da engenheira Letycia Peixoto Fonseca, de 31 anos, grávida de oito meses que recebeu vários tiros quando parou o veículo que dirigia na porta da casa onde morava com a família, em Campos dos Goytacazes, no Norte do estado, no início da noite de 2 de março. As descobertas feitas pelos investigadores mostram um crime insólito, bizarro, absurdo e bárbaro pela forma como foi planejado.
Desde os primeiros momentos após o crime as autoridades já suspeitavam de Diogo Viola de Nadai, de 37 anos, um professor de química do IFF (Instituto Federal Fluminense) que se relacionava com Letycia desde 2015 e que era pai do bebê que ela esperava. Embora frequentasse a casa da vítima e convivesse com familiares dela, além de agir publicamente como se fossem namorados, Nadai é casado com outra mulher desde 2010. Seu comportamento frio e teatral, além de suspeitas por parte de familiares moça morta, colocara-o logo de cara na mira dos policiais.
Mas o que assustou os investigadores, acostumados com histórias de crimes macabros, foi a trama absurda que envolveu o planejamento e a execução do bárbaro homicídio. Segundo as investigações, Nadai teria entrado em contato com seu melhor amigo, Gabriel Machado, alguém que ele conhecia desde criança, para pedir que ele “agenciasse” a morte da amante grávida. Ou seja, para que operacionalizasse o assassinato, providenciando os executores e planejando a ação.
O pagamento que o tal melhor amigo receberia para concretizar o homicídio era o valor de R$ 5 mil numa vaquinha on-line aberta por ele mesmo que tinha por objetivo juntar fundos para sustentar seus três filhos pequenos com necessidades especiais, que ele cria sozinho. Gabriel Machado teria, então, contratado Dayson dos Santos, o atirador, e Fabiano Conceição, que conduziu a moto na ação criminosa.
Os policiais descobriram também que Nadai sofria de uma depressão crônica e era viciado em pornografia digital e em jogos de azar. Ele já tinha perdido muito dinheiro com a prática e recentemente havia pedido um montante alto à esposa, alegando que seria para quitar essas dívidas. No entanto, acredita a delegada do caso, Natália Patrão, o valor provavelmente foi usado para pagar os autores do assassinato de Letycia.
Por fim, o motivo do crime era a gravidez de engenheira. Como o professor levava uma vida dupla, o nascimento do bebê, na cabeça dele, faria com que seu casamento fosse por água abaixo e, segundo a delegada, a relação com a esposa, para o criminoso, "era sagrada". Ele seria também "muito conservador" e de "família religiosa", fachada que certamente ruiria quando o nascimento do filho com a amante fosse tornado público.