Nos últimos dias o Brasil assistiu a uma avalanche de casos de ataques e de tentativas de ataque a escolas. Nos três casos mais graves, uma professora de 71 anos foi morta numa escola da Zona Oeste de São Paulo a facadas, quatro crianças entre 4 e 7 anos foram assassinadas a machadadas numa creche particular de Blumenau (SC) e três adolescentes acabaram feridos a punhaladas num colégio estadual de Santa Tereza de Goiás (GO). Houve ainda uma série de tentativas de massacres, registrados em Manaus (AM) e Morungaba (SP), por exemplo, e episódios de alunos flagrados com facas nas mochilas, como ocorreu em São Vicente (SP), além da detenção de outros nove suspeitos de envolvimento em ameaças do tipo na Baixada Santista (SP).
Segundo adolescentes que frequentam escolas Brasil afora e investigadores policiais que atuam nesses casos, como no registrado em Morungaba, cujo autor não chegou a ferir as crianças e foi levado preso, tendo seu celular acessado pelas autoridades, as ações que se proliferam por vários estados e em cidades dos mais diversos perfis populacionais e socioeconômicos estariam sendo estimuladas e orquestradas num aplicativo de jogos que permite interação entre seus usuários, muito popular entre os jovens, o “Discord”.
Lançado em 2015, a plataforma “Discord” é usada por milhões de pré-adolescentes e adolescentes que, além de se divertirem se enfrentando nos games, podem se comunicar por áudio, mensagem, foto e conviver em espécies de “fóruns” com temas diversos, quase sempre ligados à cultura dos jogos virtuais e da própria internet.
Foi lá, no “Discord”, que teria surgido um tal “desafio” entre os seus milhões de usuários. Estimulado por “lideranças” que cultuam o nazismo, fascismo e toda sorte de ideologias racistas, xenófobas e de extrema direita, os jovens estariam sendo “desafiados” em abril (mês de aniversário do genocida alemão Adolf Hitler e de ocorrências trágicas como os massacres de Columbine, nos EUA, em 1999, e de Realengo, no Rio de Janeiro, em 2011) a cometerem o maior número possível de assassinatos em suas escolas, como forma de “honrar” os autores de morticínios emblemáticos ocorridos anteriormente.
Não à toa cresce o número de perfis nas redes sociais, e no próprio “Discord”, em que os usuários usam fotos ou parte dos nomes desses assassinos brasileiros e estrangeiros que já chocaram o mundo tirando a vida de dezenas de pessoas em instituições educacionais.
A orientação das autoridades e de especialistas em comportamento dos adolescentes segue sendo a mesma. Pais e responsáveis devem controlar e monitorar o que menores fazem ao usar o computador e o celular e, sobretudo, que tipo de contato e convívio virtual mantêm nas redes sociais e em aplicativos de jogos.