BRUTALIDADE SEM FIM

Trama bárbara pode estar por trás do crime da grávida fuzilada em Campos (RJ)

As imagens de Letycia Fonseca sendo executada dentro do carro, com a tia que tem síndrome de Down no banco traseiro, chocaram o país. Mas desfecho pode ser ainda mais assustador

Letycia e Diogo, pouco tempo antes do crime.Créditos: Redes sociais/Reprodução
Escrito en BRASIL el

O assassinato de Letycia Peixoto Fonseca, de 31 anos, na noite de quinta-feira (2), horrorizou todo o Brasil. Ela estava grávida de oito meses quando, ao parar o carro na rua onde mora toda sua família, em Campos dos Goytacazes (RJ), foi fuzilada com vários disparos dados por uma dupla que chegou numa moto. A tia dela, de 50 anos, e que tem síndrome de Down, estava no banco de trás do veículo e ficou lavada em sangue, totalmente traumatizada.

Passados alguns dias de avanço nas investigações, a Polícia Civil do Rio de Janeiro já prendeu os dois ocupantes da motocicleta que cometeram o crime. O primeiro a ser detido foi o condutor, que admitiu sua participação no crime, embora tenha dito que o outro bandido teria sido “terceirizado”, ou seja, mandado por alguém para que cometesse o assassinato junto com ele, desconhecendo-o.

Letycia Peixoto Fonseca, a vítima

Num segundo momento, o atirador foi encontrado também, e preso. Ele manteve-se em silêncio durante todo o interrogatório na 134ª DP, de Campos dos Goytacazes, o que comprovou a tese um tanto quanto óbvia de que aquele foi um crime premeditado e encomendado.

Agora, de forma oficial, mas com cautela, a delegada que preside o inquérito, Natália Patrão, titular da 134ª DP, diz que o principal suspeito de ser o mandante do crime seria o pai do bebê, o professor de Química do Instituto Federal Fluminense (IFF) Diogo Viola de Nadai, de 40 anos. “Ele é considerado suspeito, mas não pode haver antecipação de culpa”, afirma a delegada sobre o pai da criança à reportagem do jornal carioca O Globo.

Diogo Viola de Nadai, o suspeito, segundo a delegada do caso

De acordo com as informações levantadas até agora para o inquérito, Diogo seria formalmente casado com outra mulher. O que não se sabe é se a relação com Letycia, que já durava cinco anos, era meramente extraconjugal ou se ele estava de fato separado da esposa e apenas não tinha se divorciado. Amigos e parentes da vítima dizem que a relação dos dois era muito estranha e que Diogo tinha comportamentos incomuns, como ser ausente, não querer aparecer em fotos de forma alguma e ser extremamente calado.

Letycia estudou técnico em eletrônica na IFF e formou-se lá em 2014, época em que teria conhecido o professor com quem se envolveria posteriormente. Diogo trabalha na instituição pública desde 2008 e é também empresário, dono de uma loja de calçados. Ela era formada em Engenharia de Produção pela Universidade Cândido Mendes, com mestrado na mesma área pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), título adquirido em 2019.

Na noite do crime, horas depois da tragédia, Diogo dormiu na casa de Cintia Fonseca, a mãe de Letycia, que foi ferida na perna por um tiro ao tentar se atracar com um dos bandidos. Parentes dizem que ele aparentava comportamento ainda mais estranho, tendo pegado no sono durante o velório da companheira e do bebê deles, que chegou a nascer vivo após os tiros recebidos pela mãe, mas que morreu horas depois. Diogo aparece em fotos carregando o pequeno caixão da criança no enterro.

“Eu representei pedindo o recolhimento do passaporte do pai, como uma forma de resguardar ao final do processo a aplicação da lei penal. Uma medida cautelar de prevenção. Mais diligências externas foram feitas, provas produzidas e testemunhas ouvidas. Vou resguardar o sigilo para garantir o sucesso da investigação, estamos em um caminho muito bom”, disse a delegada Natália Patrão ainda no sábado (4).

Por fim, a autoridade policial afirma que já tem certeza de que o crime foi encomendado, que de fato os autores são os dois detidos e que “está quase certa” de que foi um “crime passional”, ou seja, motivado por algo atrelado à relação íntima entre as partes, sem no entanto dar detalhes mais aprofundados sobre qual seria sua linha de investigação.