Declarada a maior favela do Brasil em 2011 após divulgação dos dados do Censo de 2010, a Rocinha perdeu o posto nesta sexta-feira (17) após a divulgação dos dados preliminares do Censo 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com apenas 30.955 domicílios catalogados pelo Censo, a comunidade do Rio de Janeiro perdeu o posto para o Sol Nascente, conjunto de favelas localizado no Distrito Federal, que registrou 32.081 domicílios.
Em comparação com os dados de 2010, o Sol Nascente cresceu cerca de 31% enquanto o crescimento da Rocinha esteve na ordem de 20%. Até outubro do ano passado, quando foi feita a pesquisa, a favela carioca ainda superava em tamanho a do DF: 25.742 domicílios registrados contra 24.441.
Em 2018, o jornal O Globo já apontava o Sol Nascente como uma provável futura maior favela do país. Na ocasião, a reportagem contou a história da comunidade que começou como uma ocupação irregular em áreas rural e hoje dispõe de área equivalente a mil campos de futebol a apenas 35 quilômetros da Praça dos Três Poderes.
Ainda no início dos anos 2000 a área era apenas uma ocupação irregular, que não chamava muita atenção, nos fundos de Ceilândia, a maior e mais violenta cidade-satélite de Brasília. Maria Iraneide Jacaúna, uma das primeiras moradores, contou ao Globo que quando chegou ao local, ainda não havia luz elétrica na área e pagou cerca de R$ 3 mil por um terreno de 300 metros quadrados. À época, a luz era de velas e a água tinha de ser buscada na casa de parentes próximos. Além disso, as empresas de ônibus se recusavam a operar linhas na região, por conta da sua violência.
Cerca de 20 anos atrás, se o Sol Nascente era grande ou pequeno, populoso ou vazio, dependia de quem estava falando. Para os moradores, que queriam a chegada dos serviços públicos, como as linhas de ônibus, a comunidade já era grande. Para as empresas, além de pequena, ainda era muito afastada e perigosa. Ao longo dessas mais de duas décadas, mesmo com constantes operações do Governo do DF de retirada de pessoas e derrubada de casas, a comunidade foi crescendo e melhorando sua infraestrutura. Em 2009 extrapolou a área inicialmente indicada, de 934 hectares. Dez anos depois o Sol Nascente atingia a marca de 100 mil habitantes, em 2018.
Atualmente a comunidade é dividida em 4 zonas: os Trechos I, II e III, e o Pôr do Sol. A coleta de dados do Censo 2022 na região começou em primeiro de outubro do ano passado e se estendeu por 60 dias. Em 2010, quando foi apontada como a segunda maior favela do Brasil, o IBGE usou imagens de satélites para fazer o levantamento.