Lola Aronovich é uma conhecida ativista pelos direitos das mulheres e pioneira em produzir conteúdo na internet voltado às pautas feministas no Brasil. Ela é professora do Departamento de Estudos da Língua Inglesa, suas Literaturas e Tradução da Universidade Federal do Ceará (UFC) e há mais de 12 anos se tornou um alvo constante de grupos masculinistas, formados essencialmente por homens de extrema direita que abominam as mulheres e especialmente o feminismo.
Agora, depois de tantos anos na luta, sua nomeação para um grupo de trabalho do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rendeu-lhe uma nova rodada de ameaças por parte dos radicais masculinistas que veneram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Já tenho todas as suas informações, em breve vou viajar até a sua cidade, te estuprar e depois vou cortar a sua cabeça. Vou filmar isso tudo e jogar nas redes sociais. Será o ato mais belo desse ano de 2023, pode acreditar que desse ano aqui você não passa. Vamos te matar. Pode aguardar por nós, sua gorda porca”, diz o print com a mensagem ameaçadora divulgada por Lola em seu perfil no Twitter, onde expõe os casos mais graves de que é vítima.
A ameaça, desta vez, por conter dados pessoais muito sensíveis e difíceis de serem descobertos, acendeu o alerta da professora, que encaminhou todas as informações da postagem à Polícia Federal (PF) para que os agentes rastreiem a mensagem e cheguem até os autores.
O grupo de trabalho instituído por Lula para traçar políticas públicas de combate aos discursos de ódio e de extremismo tem 29 integrantes no total, sendo cinco deles de seu ministério e outros 24 que representam a sociedade civil, entre os quais estão Lola e o youtuber Felipe Neto, chefiados pela ex-deputada Manuela d'Ávila (PCdoB-RS). A ativista precisou explicar a alguns seguidores que afirmavam ser ela agora uma personalidade do governo, portanto alguém que receberia mais atenção da PF em relação a essas novas ameaças, que a coisa não funciona exatamente assim. Seu status no grupo de trabalho não é o de uma autoridade pública.
Morando em Fortaleza (CE) já há alguns anos, Lola garante que se sente mais segura por lá e que as cidades do Sul do Brasil por onde viveu e que gosta muito, como Curitiba (PR) e Joinville (SC), são atualmente locais muito mais perigosos para ela por conta da presença massiva de grupos neonazistas e de adeptos de ideologias de extrema direita, assim como de eleitores bolsonaristas. No Nordeste, argumenta, por ser um lugar onde a imensa maioria das pessoas rechaça esses comportamentos, ela se sente mais segura.