Dayara de Brito Rubem tem 31 anos e é moradora do município de Remanso, na Bahia. Ela era dona de um restaurante na cidade até descobrir, há três anos, que estava com câncer de mama. Fez, então, uma cirurgia para retirada do tumor, mas meses depois a doença surgiu em seu fígado. Em julho do ano passado veio um novo sinal de manifestação do quadro: a doença foi detectada no cérebro.
Ela fez, a partir daí, um novo procedimento cirúrgico e foi submetida a dez sessões de radioterapia, recebendo desde então tratamento de quimioterapia a cada três semanas. Junto com essas ações, Dayara passou a usar um medicamento de altíssimo custo (quase R$ 30 mil por dose) e que é considerado revolucionário, o Kadcyla, um fármaco que inibe uma proteína essencial no processo de multiplicação das células, evitando a progressão do carcinoma.
O Kadcyla, para ter a eficácia desejada, segundo prescrição médica, deve ser administrado junto com cada sessão de quimioterapia, por prazo indefinido, até que se atinja a cura ou estabilização do câncer. No entanto, receber as aplicações do Kadcyla só foi possível após uma briga judicial com a União, que durou meses, e da qual Dayara saiu vitoriosa. O problema é que o valor liberado pelo governo foi suficiente apenas para a compra de três doses, que já foram usadas, sendo necessárias agora novas aplicações. Na terça-feira (28) estava agendada um novo uso do Kadcyla, porém não havia o medicamento e a paciente viu-se obrigada a suspender o tratamento.
Por meio de uma nova decisão judicial, Dayara conseguiu fazer valer seu direito de receber o medicamento do SUS (Sistema Único de Saúde), mas as autoridades federais informaram que para o cumprimento da decisão seria necessário um prazo de 120 dias. Desesperada, ela pede ajuda para que seu tratamento prossiga, com esperança de se curar.
“Eu estou com risco de vida, meu caso é grave e preciso do medicamento. Nós já conquistamos esse direito na Justiça, mas mesmo com a ação judicial há uma impossibilidade, por exemplo, de se bloquear recursos públicos da União para que se faça cumprir essa ordem do juiz. Agora, eu preciso ser medicada, é um caso de total urgência, e a União não cumpre de forma alguma o que foi determinado pela Justiça”, diz Dayara.
“Eu estou temendo pela minha vida. Eu tenho três filhos para criar e que eu faço é não poder morrer... Por que eu vou deixar meus filhos como? Se o medicamento está fazendo efeito, é um direito meu fazer uso dessa medicação, já que está sendo eficaz no meu tratamento, entendeu? Por que que a União está me negando a chance de vida de uma mãe, porque eu sou uma mãe, desesperada... E eu tenho mãe, e minha mãe também está desesperada por ver a filha dela morrendo aos pouquinhos, por falta de amor ao próximo, por falta de empatia, já que isso é uma coisa a que eu tenho direito e estão me negando isso”, concluiu emocionada a paciente.
A reportagem da Fórum entrou em contato com o Ministério da Saúde para pedir explicações sobre a suspensão do fornecimento do medicamento de alto custo e também para compreender o prazo de 120 dias imposto para o cumprimento da decisão judicial em favor da paciente. A pasta informou à nossa redação que, após tomar conhecimento do caso de Dayara, "o Ministério da Saúde já adotou as providências necessárias para cumprir a decisão e fornecer o medicamento".