DESIGUALDADE

Brancos ganham 61,4% a mais que negros por hora de trabalho no Brasil

Pesquisa do IBGE aponta desigualdade racial em rendimentos e ocupações no mercado de trabalho

Rendimento-hora dos brancos supera o dos pretos ou pardos em todos os níveis de instrução.Créditos: Edson Lopes Jr./Fotos Públicas
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Em 2022, pessoas brancas receberam  61,4% a mais que pessoas pretas ou pardas por hora de trabalho no Brasil. Enquanto o rendimento-hora dos trabalhadores brancos é de R$ 20,10; o de trabalhadores negros foi de R$ 12,40.

Os dados são da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2023 do IBGE, divulgada nesta quarta-feira (6). O órgão salienta que a diferença já foi maior, mas vem diminuindo de forma lenta

O levantamento demonstra que a desigualdade salarial acontece em todos os níveis de escolaridade, mas a maior diferença se concentra no nível superior completo, onde brancos ganham R$ 35,30; enquanto pretos e pardos recebem R$ 25,70 por hora de trabalho, uma diferença de 37,6%.

Os dados também revelam que em 2022, 40% dos brasileiros pretos e pardos viviam em situação de pobreza, quase o dobro da proporção entre os brancos, que era de 21%. Quando o recorte se volta para a extrema pobreza, a incidência entre negros (7,7%) foi mais que o dobro que entre brancos (3,5%).

A diferença racial também se observa nas ocupações de trabalho. Apesar do percentual de pessoas pretas ocupadas ser maior do que de pessoas brancas, o recorte por atividade econômica revela a segmentação das ocupações e a rigidez da segregação racial no mercado de trabalho. A proporção de trabalhadores pretos ou pardos é acentuada na Agropecuária (62,0%), na Construção (65,1%) e nos Serviços domésticos (66,4%), atividades com rendimentos inferiores à média em todos os anos da série. 

Por outro lado, profissões com maiores rendimentos, como informação financeira, administração pública e saúde, têm maior percentual de pessoas brancas, chegando a 55,9%.

Outra vulnerabilidade vivida por pessoas negras é a informalidade. O índice de trabalhadores negros, entre homens e mulheres, em trabalhos informais superava a média, enquanto a proporção de pessoas brancas estava abaixo da média. Para o órgão, a proporção de trabalhadores em ocupações informais reflete desigualdades historicamente constituídas, como a maior proporção de pessoas negras em posições de empregados e trabalhadores domésticos