As execuções sumárias de dois homens em situação de rua em Rondonópolis (MT), na porta de um Centro de Referência Especializado, na quarta-feira (27), num crime que chocou o país, foram cometidas por dois PMs. A conclusão é da Polícia Civil mato-grossense, que por meio de uma investigação célere e precisa chegou aos nomes dos acusados. A brutalidade também não teria qualquer motivação, sendo fruto exclusivamente de ódio contra essa população socialmente vulnerável.
“As investigações estão no início, tem muito ainda para a gente resolver, confrontos balísticos, análises dos projéteis que foram encontrados, das cápsulas encontradas Preliminarmente, o que podemos dizer é que não existe uma causa que gerou essa ação violenta, foi simplesmente um crime de ódio, sem motivação, sem um alvo específico. Foram para simplesmente matar pessoas em situação de rua, pessoas que já vivem na hipossuficiência, que já são pessoas carentes e que já sofrem com a ausência de assistência do Estado”, afirmou o delegado Thiago Costa, responsável pelo inquérito do duplo homicídio.
O caso começou a ser desvendado quando imagens de circuito de segurança mostraram um veículo Land Rover passando pelo local dos fatos no momento do crime. Os tiros mataram Odinilson Landvoidt de Oliveira, de 41 anos, e Thiago Rodrigues Lopes, de 37, deixando ainda dois colegas deles feridos. O mesmo carro onde estavam os atiradores foi localizado, também por imagens de câmeras de vigilância, no estacionamento de um hospital de Rondonópolis. Na unidade de saúde, investigadores descobriram que o automóvel era ocupado por uma dupla de PMs, sendo que um deles deu entrada no local afirmando ter sido ferido por um disparo acidental de arma de fogo.
Na tarde de quinta (29), agentes da Polícia Civil cumpriram mandados de prisão contra os policiais militares Cássio Teixeira Brito e Hélder José da Silva. O primeiro acusado foi encontrado em casa e está detido no 4° Comando Regional de Rondonópolis, enquanto o segundo segue foragido. O testemunho de um dos sobreviventes foi fundamental para a decisão do delegado de pedir a prisão dos dois suspeitos. O homem em situação de rua assegurou às autoridades que viu o momento exato em que um PM passou a arma para outro, que estava ao volante, para que então ele começasse a disparar pela janela do veículo contra os sem-teto que dormiam na rua.