EDIR MACEDO

Record: assédio gay, assédio de chefe casado; a barafunda na “emissora de Deus”

Apresentadora é demitida após denunciar assédio; chefe de jornalismo é demitido com delay; chefe de RH é afastado por assédio gay; a farra por trás das câmeras do Senhor

O bispo Edir Macedo.Créditos: Divulgação/Igreja Universa
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É um caso atrás do outro, uma denúncia seguida da outra, uma sensação de que a prática de assédio sexual começa a sair do controle na TV Record, emissora do bispo evangélico Edir Macedo, que também é fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus.

Nesta última quarta-feira (29), foi demitido Thiago Feitosa, que ocupava o cargo de diretor de jornalismo da emissora. Ele estava por lá desde 2009 e era chefe desde 2020. Casado e com três filhos com Fabiana Oliveira, apresentadora da Record News, ele perdeu seu cargo após assediar durante um ano a apresentadora Rhiza Castro.

Antes disso, é bom lembrar, Rhiza também foi demitida quando “ousou” denunciar o abuso há cerca de um mês. Rhiza diz que recebia mensagens com elogios a sua beleza, e fotos do seu trabalho na redação. Feitosa chegou a dar um vinho para a âncora de 32 anos. Como não teve sucesso em suas investidas, Rhiza perdeu espaço na TV.

A emissora do bispo comprovou que Feitosa pagou R$ 26 mil após fechar um acordo de transação penal com o Ministério Público de São Paulo por conta da denúncia de assédio.

No acordo, ele admite que cometeu o crime, mas paga um valor para o processo ser arquivado. A quantia foi depositada na conta do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente de São Paulo. Só depois disso é que foi, de fato, demitido.

Denunciou assédio a outro assediador

A denúncia de Rhiza, que resultou em sua demissão, foi feita para Márcio Santos, o diretor de Recursos Humanos da Record. Santos tem 46 anos, é pai e avô, frequenta a Igreja Universal do Reino de Deus e é conhecido por suas posturas conservadoras e pela proximidade com os bispos. Nada disso, no entanto, o impediu de assediar o colega e jornalista da Record, Elian Matte, que também registrou um boletim de ocorrência (BO).

Segundo o relato de Matte, as investidas de Márcio Santos começaram em agosto de 2022, quando o diretor o chamou para sua sala. A primeira conversa foi direcionada a assuntos profissionais, porém, o convite aconteceu mais duas vezes. Na terceira vez, a conversa de Santos começou a ter um caráter mais pessoal e, ao final da reunião, o diretor teria passado a mão pelo braço e peito de Matte. A partir dali, o editor não aceitou mais os convites para essas reuniões. 

Contudo, as tentativas do diretor continuaram pelo Whatsapp e de formas mais explícitas, com mensagens de Santos chamando Matte de "gostosinho" e dizendo que o "sequestraria por meia hora". Quando o jornalista estava com suspeita de Covid-19, o diretor chegou a falar que faria o teste em Matte e "tiraria toda a sua roupa, depois a minha, para não haver contaminação, depois pegaria a haste maior e… [emoji com cara feliz]”.

Após muitas idas e vindas, a IURD e a Record acabaram por afastar Márcio Santos. A medida é válida durante a investigação aberta pela Polícia Civil para investigar a denúncia.

O afastamento da Universal se deu porque a congregação não permite a presença de funcionários ou voluntários investigados pela polícia em seus quadros. “Como não pode controlar a vida privada de fiéis, ele poderá, se quiser, frequentar cultos”, disse em nota.

Já a Record o afastou por entender que as denúncias são robustas e que a entrada da polícia deixa a TV em uma posição difícil.

O que disse a Record e Feitosa

A Record confirmou ao F5 que "Thiago Feitosa foi desligado". Thiago Feitosa, por sua vez, enviou uma nota através de seu advogado, Flávio Goldberg.

"O inquérito policial está arquivado sem qualquer tipo de condenação ou culpa e correu em segredo de justiça, qualquer manifestação contraria a essa é criminosa", diz a sua defesa.

Ao ser procurada pela reportagem e ser informada da demissão de Thiago Feitosa, Rhiza Castro diz estar com um sentimento de alívio.

"Sensação de justiça sendo feita. Só quem passou por este tipo de violência consegue entender a dor", afirmou a ex-âncora da Record News.