FOFOCA

Jornalismo fica irrelevante quando namoro de um ministro do STF é 'notícia relevante'

De como pela restrição da pauta nas redações e necessidade de notícias de comportamento para fugir da política está transformando (para alguns matando) o jornalismo

Créditos: Colagem: Antonio Mello
Escrito en BRASIL el

Está difícil a vida do jornalista profissional no Brasil. Especialmente na mídia corporativa. Tem que procurar notícia ou transformar em notícia algo que em outras épocas jamais seria notícia, como, por exemplo, o namoro de um ministro do STF.

A não ser que houvesse algo de estranho, uma escolha bizarra, uma saída do armário, mas jamais um ministro estar namorando uma desembargadora. E daí?

Mas é isso o que sobra, quando não se pode contrariar o mercado, quando as notícias têm que procurar alguma forma de constranger Lula, o PT ou o governo — ou mesmo os três de uma vez, quando agora Lula e o PT são governo.

Para não ficarem no sereno ou enfrentando chuvas e tempestades na internet, muitos jornalistas preferem o abrigo do guarda-chuva da mídia corporativa.

Só aí nesse mundo o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Roberto Barroso, 65 anos, estar namorando a desembargadora Carmen Silvia Arruda, 56 anos, do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) é notícia.

Além do restrito grupo de familiares e amigos do casal, a quem dos mais de 200 milhões de brasileiros interessa a notícia? Qual a relevância? Não serve nem para fofoca na fila do supermercado, porque é um sanduíche de pão com pão, pastel de vento por fora e por dentro.

— Sabe quem o ministro Barroso tá namorando?

— Quem é o Barroso?

— Aquele que fala com a mãozinha assim... Sabe quem ele tá namorando?

— Ele assumiu?!

— Não, esse é outro. Adivinha.

— A Anitta pegou ele?

— Você não vai adivinhar nunca... Uma desembargadora...

— Ah, é?... E desde quando isso é notícia, Carmen Lúcia? Só porque você tem nome de ministra? Eu heim...

Ibrahim Sued manda lembranças, "de leve".

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