Um crime de brutalidade imensurável ocorrido nesta quinta-feira (5) na cidade mais violenta do Brasil pode ter sido ofuscado no noticiário por outra barbaridade, os assassinatos de três médicos na orla da praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A monstruosidade em questão foi uma chacina cometida em Jequié, na Bahia, apontado no último Anuário Brasileiro de Segurança Pública como o município com o maior número de homicídios do país para cada grupo de 100 mil habitantes. Este estado nordestino, especificamente, enfrenta uma onda de violência sem precedentes originada nos conflitos relacionados ao crime organizado.
Seis pessoas de uma mesma família, sendo uma criança de cinco anos, três homens e duas mulheres, uma delas grávida de oito meses foram brutalmente executados a tiros no bairro Loteamento Amarelina, nas primeiras horas do dia. Todos eram integrantes da comunidade cigana.
Natiele Andrade de Cabral, de 22 anos e gestante de nove meses, Elismar Cabral Barreto, de 23, Sulivan Cabral Barreto, de 35, Maiane Cabral Gomes, de 45, Lindivoval de Almeida Cabral, de 66, e Laiane Andrade Barreto, de apenas 5 anos, foram as vítimas. A casa em que a família vivia foi invadida pelo amanhecer por um grupo armado, que efetuou dezenas de disparos, segundo testemunhas. A Polícia Civil da Bahia informou que faz uma varredura nas residências vizinhas na tentativa de encontrar imagens de câmeras de vigilância que ajudem a esclarecer o crime.
Com 158 mil habitantes e localizada a 370 quilômetros de Salvador, no sudoeste baiano, Jequié registrou assustadores 141 homicídios em 2022, o que dá uma média de 88,8 mortes para cada grupo de 100 mil moradores. O estado, como um todo, vê um aumento avassalador dos índices de criminalidade nos últimos dois anos, sobretudo nas periferias das cidades grandes e médias, e até mesmo nas pequenas. Segundo especialistas e estudiosos, a entrada massiva dos grandes grupos do crime organizado originários do Sudeste naquela região é a responsável pela explosão dessas ocorrências.