INJUSTIÇA

Magnata dirigia BMW embriagado, não parou na blitz e jovem periférico que o acompanhava acabou morto

A vítima trabalhava em pizzaria de propriedade do motorista e morreu enquanto o patrão tentava fugir da polícia; Família quer justiça

Islan da Cruz Nogueira, de 24 anos, trabalhava em um supermercado e em uma pizzaria.Créditos: Reprodução /Redes Sociais
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Islan da Cruz Nogueira, de 24 anos, morreu no último sábado (28), no Distrito Federal, enquanto estava à bordo de uma BMW. Sentado no banco do carona, no último momento de sua vida viu o motorista do veículo tentar furar uma blitz da Polícia Militar, que reagiu disparando contra a dupla.

O motorista do veículo era Raimundo Cleofás Alves Aristides Júnior, engenheiro e empresário da construção civil. Ele estava embriagado ao volante e, por isso, tentou escapar da blitz.

Um vídeo que circula na imprensa e nas redes sociais mostra o momento dos disparos. O veículo está de fato parado na blitz, todo fechado, enquanto os policiais mandam o motorista descer. O condutor ignora a ordem e um ronco do motor é ouvido quando Raimundo acelera.

Nesse momento, um dos PMs é atropelado. Um primeiro tiro é disparado aparentemente contra o pneu do veículo, e os demais certamente miraram a BMW como um todo. Um dos tiros acertou a cabeça de Islan.

A blitz foi montada pela PMDF no âmbito da Operação Álcool Zero na DF-010, uma via que dá acesso a região de bares e baladas. E após os primeiros tiros, Raimundo prosseguiu com a fuga até o Eixo Monumental, quando finalmente parou e se entregou.

Ao revistarem o carro, os policiais encontraram Islan ferido. Ele morreu ali mesmo, sangrando enquanto o patrão tentava fugir. Não conseguiu sequer ser levado a um hospital. Ele trabalhava durante o dia em um supermercado e de noite em pizzaria de propriedade do motorista da BMW.

Raimundo, ao que consta não foi atingido. E o PM atropelado foi levado ao Hospital de Base onde recebeu atendimentos e teve alta. O veículo, por sua vez, acumulava milhares de reais em multas segundo informe do Departamento de Trânsito do DF e não estava no nome do condutor.

Oito PMs envolvidos na ação que tirou a vida de Islan foram afastados de suas funções e passam por processo de investigação interno da corporação. Conforme as investigações forem evoluindo, passarão por testes psicológicos para avaliar se têm condições de voltar às ruas.

Já o empresário teve a prisão preventiva decretada e deve ser indiciado por embriaguez ao volante e tentativa de homicídio.

Família pede Justiça

Familiares de Islan foram ouvidos pelo portal Metrópoles nesta segunda-feira (30). A tia do jovem, Mari Luiza da Cruz (42), falou em nome da mãe da vítima, Marineide Florinda da Cruz (40).

“Ela não deseja que nenhuma mãe passe pelo que ela está passando e quer que o PM perca sua farda para que outras mães não passem por isso”, relatou.

Mari Luiza também criticou a ação dos policiais. “Os tiros não foram direcionados ao pneu do carro, o que seria o correto. Os policial teria que ter sabedoria para atirar e não matar, não tirar uma vida”, afirmou.