O deputado estadual Emidio de Souza (PT-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), protocolou junto à Corregedoria da Polícia Militar, neste sábado (8), um ofício em que cobra punição aos policiais que protegeram um bolsonarista que agrediu uma mulher no centro da capital paulista.
A agressão ocorreu na última sexta-feira (6). Débora Natali voltava de um supermercado na movimentada avenida Angélica quando viu um grupo de bolsonaristas partindo de forma agressiva para cima de uma idosa que segurava uma bandeira em alusão ao presidente Lula (PT). Esses bolsonaristas participavam de uma carreata com escolta da PM e, ao ver Débora tentando proteger a mulher, um homem saltou de um dos carros a agrediu com socos e empurrões. Ele ainda portava, de forma ameaçadora, um objeto com formato de vara.
À Fórum, Débora Natali disse que a PM presenciou toda a agressão, mas apenas escoltou o agressor até seu carro e o liberou. "Os policiais estavam vendo tudo e deixaram ele entrar dentro do carro. Estou até sem voz porque gritei muito pedindo para que parassem ele, afinal ele tinha agredido duas mulheres, que fizessem alguma coisa. E os policiais não fizeram absolutamente nada", revelou.
Tanto Débora quanto a outra senhora agredida prestaram depoimento aos policiais na própria rua da agressão, sem o bolsonarista, que havia sido liberado, e foram orientadas a, depois, procurarem uma delegacia. Em nota enviada à Fórum, a PM informou que sua equipe "constatou que houve desentendimento entre as partes, mas a situação teria sido resolvida. Por este motivo, não houve detenções".
Para Emidio de Souza, a posição da corporação é um respaldo à agressão promovida pelo bolsonarista. "Os PMs, ao invés de tomarem as devidas providências, como o encaminhamento do agressor à delegacia, aparecem no vídeo inertes, depois escoltando o extremista de volta ao seu carro, em uma atitude de proteção ao agressor e de desdém da vítima", escreve o parlamentar no ofício encaminhado à Corregedoria.
"O ato em si revela imensa inversão de valores e denota gravidade. Não fosse absurda suficiente a situação, a corporação soltou nota em que indiretamente respalda o comportamento do agressor, ao dizer que os PMs 'resolveram a situação' de 'desentendimento'. O que significa para a PM resolver uma situação de violência política? Proteger o agressor de extrema direita?", questiona ainda.
O petista solicita no ofício não só investigação para identificar e punir o agressor, mas também uma atitude da corporação com relação aos policiais que protegeram o bolsonarista. "Nossa demanda é para que haja a investigação e punição do agressor por parte das autoridades judiciárias. Para tanto, faz-se necessário o trabalho da PM, que no caso em questão mostrou inação", escreve.
Em nova nota oficial enviada à Fórum neste domingo (8), a PM mudou o discurso, dizendo que "viu as imagens completas" e que vai apurar o porquê o agressor não foi preso pelos policiais.
"A Polícia Militar esclarece que após tomar conhecimento das imagens completas da ocorrência, mostradas pela reportagem, determinou ao Batalhão ao qual pertence os policiais militares a apuração dos fatos, bem como o motivo pelo qual não foi conduzido ao distrito policial o autor da agressão verificada na filmagem", diz o comunicado.
Vítima tenta identificar agressor
Sem auxílio da polícia, Débora Natali vem reunindo vídeos e outras evidências para tentar garantir a punição ao agressor liberado pela corporação. Ela pretende levar o material nesta segunda-feira (9) a uma delegacia da capital paulista.
Marido de Débora, Thiago Nascimento publicou nas redes sociais, na noite deste sábado (8), uma foto com a suposta identidade do bolsonarista.